Em quarentena sem fim, Argentina enfrenta impactos na saúde, no governo e na política

Com o aumento no número de infecções, o governo voltou a prorrogar o isolamento social, o que desagradou os argentinos

  • Por Jovem Pan
  • 15/09/2020 05h39 - Atualizado em 15/09/2020 08h53
EFE/ Juan Ignacio Roncoroni Críticos do governo afirmam que as duras medidas de quarentena vão intensificar os problemas já existentes no país

Enquanto alguns países da Europa e da Ásia se preparam para uma segunda onda da Covid-19, a Argentina ainda não saiu da primeira.  Atividades como comércio, bares ou ir a praia estão proibidas na maior parte do país desde 20 de março, quando deu início a quarentena ininterrupta mais longa do mundo. A Bárbara Derame, de 22 anos, mora no país há quase um ano e praticamente não saiu de casa durante todo esse período. Aluna do curso de medicina da Universidade Nacional de Rosário, a brasileira conta que viu os casos da doença dispararem na cidade, quando o governo flexibilizou as medidas de restrição. “Mudou muito porque em três meses tinham oito casos e, do nada, agora ficou desse jeito”, afirma.

Por causa do aumento no número de infecções, o governo voltou a prorrogar o isolamento social, o que desagradou os argentinos. Nesta segunda-feira, 14, centenas de manifestantes voltaram às ruas das principais cidades do país para protestar contra o presidente Alberto Fernandez, a crise que assola o país e o aumento do desemprego. Críticos do governo afirmam que as duras medidas de quarentena vão intensificar os problemas já existentes no país. O cientista político, Eduardo Grin, destaca que as expectativas econômicas são pessimistas. “Deve este ano iniciar o PIB uma redução de 12% e uma pobreza que deve atingir 40% da população. Então, sem dúvidas, as medidas muito duras da maior quarentena que se tem conhecimento nas democracias ocidentais, ela vai intensificar um problema com consequências econômicas bastante sérias.”

Ao mesmo tempo, para o médico infectologista, Renato Kfouri, restrições muito severas podem ocasionar outros problemas de saúde. “São medidas muito duras para a população e que impactam diretamente, não só na economia e em todo fluxo de movimentação das cidades, mas também nas questões de saúde mental para crianças, adultos e idosos”, explica. Apesar dos esforços do governo de Alberto Fernandez, a Argentina continua registrando uma piora nos índices de transmissão da doença. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, o país tem no momento mais de 500 mil infectados e 11.412 mortos pela Covid-19.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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