Brasil perde 40 gestantes e puérperas semanalmente para a Covid-19; médica explica momentos mais críticos

Em entrevista ao ‘Jornal da Manhã’, especialista afirmou que não considerar grávidas como grupo de risco no início da pandemia foi um erro

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2021 12h18 - Atualizado em 19/06/2021 13h41
SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Ao fundo, mulher grávida repousa a mão sobre a barriga enquanto um profissional da saúde mostra vacina contra a Covid-19 Médica lembrou que imunização é essencial para gestantes

Um estudo publicado pela revista científica Jama Pediatrics nos Estados Unidos mostra que a Covid-19 aumenta os riscos para as mulheres grávidas e os bebês. A professora do departamento de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina da USP, Rossana Pulcineli, falou sobre o assunto em entrevista ao “Jornal da Manhã”, da Jovem Pan, neste sábado, 19, e apontou que não considerar as gestantes como um grupo de risco da doença no começo da pandemia foi um erro. “Isso foi algo que foi observado por muitas pessoas, com o tempo a gente foi percebendo isso. Ano passado teve uma publicação importante do CDC, falando que as gestantes são grupo de risco, agora essa nova publicação afirmando isso, mas no Brasil a gente já tem observado isso de forma muito importante. Se a gente olhar os dados do Observatório Obstétrico de Covid-19, no Brasil nós já tivemos 1.412 mortes de gestantes e puérperas desde o início da pandemia”, calculou. Ela lembra que este é um número considerado extremamente elevado.

Segundo a médica, a análise de casos no Brasil mostra que há dois momentos mais críticos para a doença nas mães: o primeiro é nos 42 dias após o parto e em seguida vem o segundo trimestre da gravidez. “Esses são os momentos que a gente tem observado maior mortalidade. Por outro lado, o maior número de pessoas internadas é no terceiro trimestre”, afirmou. A imunização, que já abrange esse grupo de risco, passou a ser feita com cautela após a vacina de Oxford/AstraZeneca causar a morte de uma gestante no Brasil e ser suspensa para as grávidas. A médica lembra da importância de não deixar de se imunizar com outras opções. “É muito importante que as gestantes entendam que aquele fenômeno de trombose que aconteceu com aquela vacina não tem relação com a gestação, é um fenômeno que infelizmente já aconteceu em outras situações, ninguém pode dizer que isso foi porque a mulher era gestante”, pontuou, lembrando que as vacinas da Pfizer e da CoronaVac, que são utilizadas nas grávidas no Brasil, não aumentam risco de trombose.

“Quando a gente pensa na Covid a longo prazo, há várias complicações vistas na população geral. O que nós observamos em um estudo feito no Hospital das Clínicas foi que tem um percentual de depressão pós-parto bem maior em quem teve Covid, isso é algo que preocupa bastante, e alguns problemas relacionados à memória”, afirmou. Entre as crianças, o maior risco é de que elas nasçam prematuras. Entre 2% e 4% dos casos, o bebê pode nascer com a Covid-19, mas essa contaminação costuma ser controlada sem maiores riscos para os recém-nascidos nos primeiros dias de vida. A médica lembrou que semanalmente no país pouco mais de 40 gestantes ou puérperas morrem com a doença. Ainda assim, ela lembra que a escolha sobre ter ou não um filho no momento de alta transmissão do vírus é uma decisão individual.

Confira o “Jornal da Manhã” deste sábado, 19, na íntegra:

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