Com pontos de convergência, posse de Joe Biden abre perspectivas na Europa
Relação com o Reino Unido, Otan e acordo com Irã devem ser pontos chaves durante a gestão
A posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos estampa as capas de quase todos os diários londrinos nesta quarta-feira, 20. Os britânicos gostam de se gabar do que chamam de relação especial, que em tese possuem por conta dos laços históricos com os americanos. Na prática, essa relação especial nem sempre é tão evidente — já faz algum tempo que ela tem mais pinta de folclore local mesmo. Durante os anos de Donald Trump na Casa Branca pouco se viu de efetivo nessa relação especial — principalmente depois do Brexit. Boris Johnson aposta num acordo comercial com os Estados Unidos para compensar parcialmente as perdas inevitáveis da separação europeia.
Só que esse acordo não saiu com Trump e nada indica que será definido com celeridade por Joe Biden — pelo contrário. Johnson foi rápido e pragmático depois das eleições. O conservador foi um dos primeiros líderes mundiais a parabenizar Biden pelo resultado. O democrata, no entanto, já deu vários sinais de que sua administração vai pressionar os conservadores britânicos. O novo chefe da Casa Branca não apoiava o Brexit e já declarou que não pretende discutir acordo comercial com ninguém por enquanto. Biden também pressionou Boris Johnson por conta da questão da fronteira das Irlandas — ele não quer barreiras militarizadas na região.
Mas também existem pontos de convergência entre os dois lados do Atlântico, que interessam muito para o resto da Europa. O novo presidente pretende tentar salvar o acordo nuclear com o Irã, que foi patrocinado também pelos europeus França, Reino Unido e Alemanha. Donald Trump rasgou o acordo firmado na era Obama, o que de certa forma esgarçou as relações do Ocidente com o país persa. As relações dos americanos com a Otan também devem ser normalizadas com o democrata no poder.
A aliança militar é considerada obsoleta por Trump e os europeus foram alvos constantes do republicano por conta de suas colaborações financeiras. E resta ainda a questão ambiental, que hoje ocupa o topo da agenda política da Europa. O Reino Unido vai sediar a conferência do clima deste ano, a Cop 26, e Boris Johnson tem anunciado projetos ambiciosos nesta área. Mas nenhum esforço para salvar o meio ambiente terá sucesso sem a presença dos americanos. Biden prometeu colocar os Estados Unidos de volta no acordo de Paris. No fim, esse movimento por si só pode acabar sendo o ponto principal na normalização das relações entre americanos e europeus.
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