Com pontos de convergência, posse de Joe Biden abre perspectivas na Europa

Relação com o Reino Unido, Otan e acordo com Irã devem ser pontos chaves durante a gestão

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 20/01/2021 07h21
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EFE/EPA/JIM LO SCALZO Na prática, relação especial com o Reino Unido nem é tão evidente -- já faz algum tempo que ela tem mais pinta de folclore

A posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos estampa as capas de quase todos os diários londrinos nesta quarta-feira, 20. Os britânicos gostam de se gabar do que chamam de relação especial, que em tese possuem por conta dos laços históricos com os americanos. Na prática, essa relação especial nem sempre é tão evidente — já faz algum tempo que ela tem mais pinta de folclore local mesmo. Durante os anos de Donald Trump na Casa Branca pouco se viu de efetivo nessa relação especial — principalmente depois do BrexitBoris Johnson aposta num acordo comercial com os Estados Unidos para compensar parcialmente as perdas inevitáveis da separação europeia.

Só que esse acordo não saiu com Trump e nada indica que será definido com celeridade por Joe Biden — pelo contrário. Johnson foi rápido e pragmático depois das eleições. O conservador foi um dos primeiros líderes mundiais a parabenizar Biden pelo resultado. O democrata, no entanto, já deu vários sinais de que sua administração vai pressionar os conservadores britânicos. O novo chefe da Casa Branca não apoiava o Brexit e já declarou que não pretende discutir acordo comercial com ninguém por enquanto. Biden também pressionou Boris Johnson por conta da questão da fronteira das Irlandas — ele não quer barreiras militarizadas na região.

Mas também existem pontos de convergência entre os dois lados do Atlântico, que interessam muito para o resto da Europa. O novo presidente pretende tentar salvar o acordo nuclear com o Irã, que foi patrocinado também pelos europeus França, Reino Unido e Alemanha. Donald Trump rasgou o acordo firmado na era Obama, o que de certa forma esgarçou as relações do Ocidente com o país persa. As relações dos americanos com a Otan também devem ser normalizadas com o democrata no poder.

A aliança militar é considerada obsoleta por Trump e os europeus foram alvos constantes do republicano por conta de suas colaborações financeiras. E resta ainda a questão ambiental, que hoje ocupa o topo da agenda política da Europa. O Reino Unido vai sediar a conferência do clima deste ano, a Cop 26, e Boris Johnson tem anunciado projetos ambiciosos nesta área. Mas nenhum esforço para salvar o meio ambiente terá sucesso sem a presença dos americanos. Biden prometeu colocar os Estados Unidos de volta no acordo de Paris. No fim, esse movimento por si só pode acabar sendo o ponto principal na normalização das relações entre americanos e europeus.

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