Cresce a inserção de pessoas com mais de 50 anos no mercado de trabalho
Seja pelo envelhecimento da população ou porque trabalhadores têm se aposentado cada vez mais tarde, percentual dos mais velhos cresceu mais de 1% em seis anos
Quando virou mãe, Renata Refinetti optou por apertar um “pause” na carreira como advogada. Inicialmente, o plano era voltar à ativa, mas ela decidiu acompanhar a vida da filha, Bianca, e seguiu dando aulas de alemão. Quando Bianca atingiu a maioridade e a advogada estava perto dos 50 anos, Renata voltou para o mercado de trabalho – uma tarefa que não foi fácil. “Nós temos matérias hoje em dia que não tinha antes. Estatuto da Criança e do Adolescente, consumidor, improbidade, um monte de coisa. Então eu tive que fazer uma atualização, comecei com isso, estudando tudo de novo. E aí chegou a hora de bater na porta dos escritórios, pedir ajuda. Nada é fácil. Como é que chega uma pessoa e fala ‘você está velha, como é que você vai advogar velha? Não vai’. Eu vou conseguir, não vou desistir, mas a gente não consegue sozinho”, recordou. Há cinco anos, Renata encontrou uma pessoa que estendeu a mão e a contratou para trabalhar num grande escritório de advocacia. Hoje, com 58 anos, a advogada está muito bem inserida no mercado de trabalho. “Então foi através dessa pessoa que eu voltei para o mercado de trabalho, o que me ajudou muito. Fui muito bem recebida lá. Estou lá já há cinco anos e eu considero a minha segunda casa, é um ambiente fantástico, não só pelas pessoas, mas pelo aprendizado, a gente aprende muito lá”, celebrou.
A participação de pessoas com idade mais avançada no mercado de trabalho vem crescendo no Brasil. Além do envelhecimento da população, os idosos estão adiando a saída do mercado. De acordo com a Pnad Contínua do IBGE, o percentual desta população na força de trabalho passou de 5,9% em 2012 para 7,2% em 2018, chegando a 7 milhões e meio de profissionais. O especialista em Recursos Humanos, Felipe Iotti, afirma que o preconceito contra pessoas com mais idade vem diminuindo. “É muito comum inclusive a gente receber currículo onde não tem a informação de idade, de data de nascimento, porque será que é isso mesmo que importa na hora que você vai recrutar alguém? Ou o que importa é a experiência que essa pessoa tem? Então a área de recrutamento e seleção precisa estar muito consciente de que a gente precisa entender o que a gente busca em uma seleção, qual o tipo de experiência que a gente busca? Qual o perfil comportamental? Uma vez que essas perguntas estão respondidas e as respostas são satisfatórias, por que a gente vai olhar para a idade? A diferença ajuda a construir times mais sólidos, mais robustos, porque cada um vai ter um perfil comportamental, uma bagagem técnica e uma história de vida, conseguindo agregar para esse time da melhor forma”, disse. A advogada Renata Refinetti pede que as pessoas com mais idade que querem ingressar no mercado, assim como ela, não tenham medo. “Jamais desista, não leve um não para casa. É frustrante? É. Deixe em um cantinho aquele ‘não’ para não desistir jamais”, aconselhou.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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