Crise hídrica aumenta interesse por energia solar, que aparece como opção econômica
Em agosto deste ano, o Brasil ultrapassou a marca de 10 gigawatts de potência instalada na fonte alternativa; valores devem aumentar
Quando o empresário Hermes Vigorito optou por implementar o sistema solar em duas unidades da concessionária que administra, a crise hídrica que tem gerado aumento na conta de luz ainda não era uma realidade. A escolha de uma fonte de energia alternativa tinha outro motivo, mas a opção veio a calhar. “Temos dois pontos: a sustentabilidade, voltada para o meio ambiente, inclusive, porque os carros elétricos estão vindo com força e nos próximos anos deve aumentar muito também a venda do carro elétrico, e também pela economia da conta de energia, que passa a ser importante pelo retorno que dá”, analisou. Os painéis começaram a ser usados em novembro do ano passado. O custo para implementar o sistema em duas unidades da concessionária foi de 1 milhão de reais, e em menos de um ano, Hermes conta que economizou mais de 120 mil reais.
“A economia é de 60, 70% da conta de energia elétrica, então é bem alto. Lógico que depende dos dias mais ensolarados, mas a média dos meses é em torno de 60 a 70% de economia”, estimou. Com a bandeira especial criada pela Aneel, a conta de luz dessa unidade estaria em torno dos R$ 15 mil, mas com a energia solar, a fatura fica em torno de R$ 4 mil, quase 4 vezes menor. O economista Sabetai Calderoni ressalta que a implementação da tecnologia tem ficado cada vez mais barata, e o retorno transforma o sistema solar em um investimento. “Uma coisa interessante com a energia solar é que não tem aumento. A pessoa implementou uma vez e está congelado para sempre, porque os créditos obtidos são em kW/h, então não tem aumento mais, não tem bandeira tarifária também, acabou. As aplicações financeiras agora estão rendendo abaixo da inflação ou, as que estão acima da inflação, estão rendendo 3, 4,5%. É muito difícil conseguir acima da inflação, e a solar está dando 17, 18, 20% ao ano de taxa de retorno”, estimou.
A fonte solar voltou ao centro das discussões nas últimas semanas diante da crise hídrica, mas o sistema já vem aumentando a presença em solo brasileiro. O economista Sabetai Calderoni afirma que a fonte tem potencial para chegar a 10% de participação na matriz energética em breve, mas o governo investe de forma errada. “Em vez de fazer energia solar, energia eólica, que é muito mais em conta, já que todo dia tem sol, todo dia tem vento, não tem motivo de fazer uma coisa dessa. O carvão é um combustível, não tem que pagar pelo combustível, o sol não tá pagando nada. O vento não cobra nada. Por que gastar com carvão e ainda poluir o meio ambiente?”, questionou. Em agosto deste ano, o país ultrapassou a marca de 10 gigawatts de potência instalada em energia solar. Esse volume representa mais de 70% da capacidade da hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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