David Uip afirma que novas cepas do coronavírus são ‘totalmente esperadas’
Para o infectologista, as principais questões a serem respondidas no momento sobre a Ômicron são se ela é mais infectante, se provoca mais sintomas e mortes, além de descobrir se ela é sensível às vacinas disponíveis no Brasil
Com a confirmação dos dois primeiros casos da variante Ômicron da Covid-19 em São Paulo, o assunto ficou em destaque na imprensa brasileira desde a última terça-feira, 30. Em entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã nesta quarta-feira, 1º de dezembro, o infectologista e coordenador do centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, David Uip, comentou os principais pontos a que a ciência deverá responder sobre a nova cepa e disse que é esperado o surgimento de outras variantes. Uip destacou que os vírus naturalmente passam por mutações, que a diferença está no processo de evolução da capacidade científica para fazer sequenciamento genômico e aprender a combater as cepas do novo coronavírus ou de outros vírus. “Desde que o mundo é mundo, vírus muta. É só olhar os vírus Influenza, isso sempre aconteceu. O que mudou é que nós temos mais competência de sequenciamento genômico. Segundo, melhorou muito o nosso nível de informação. Hoje, dados novos chegam imediatamente. Os vírus continuam mudando. Então, nós teremos sim novas cepas do coronavírus. Alterações genômicas totalmente esperadas”, disse.
“Nós precisamos de três respostas: primeiro, se essa cepa é mais infectante; segundo, se ela é mais causadora de doença e morte; e terceiro, se ela vai ser sensível às vacinas disponíveis aqui no Brasil. Nós temos quatro vacinas com plataformas de aplicação diferentes. Eu tenho cautela em afirmar a qualquer coisa a respeito dessas cepas e até um pouco de otimismo talvez o Brasil consiga se sair bem”, comentou o infectologista. Ele ainda argumentou que o país sofreu mais com a variante gama e que o combate a ela se deu principalmente pela vacinação. “Sem dúvida, o fator que faz diferença nas histórias das epidemias é vacinar ou não. No ano passado, 2020, nós não vacinamos. Então, há seguramente uma mudança por conta de um programa que está sendo muito bem feito em vacinar o maior número de brasileiros possível”, opinou.
Apesar de não ter registros científicos sobre a questão, David Uip disse que vem observando que o fato do Brasil utilizar várias vacinas diferentes e cruzar elas na dose de reforço talvez seja um fator que coloque o país em vantagem, evitando novas ondas da pandemia da Covid-19, como vem ocorrendo na Europa. “O que eu vou dizer é algo absolutamente observacional. Eu não tenho a certificação científica para atestar, mas é uma impressão que eu estou tendo ao longo desta pandemia. Talvez, no Brasil, por usar plataformas diferentes, quatro vacinas, e muitas vezes entre a primeira ou segunda e dose de reforço recurso também vacinas diferentes, nós talvez tenhamos uma resposta diferente da Europa. Será que os países da América Latina terão um nível de resposta melhor por conta do uso de plataforma diferentes? Eu acho interessante essa posição e talvez explique porque que nós da América Latina, e fundamentalmente o Brasil, por exemplo, não sofremos com a cepa Delta. Nós estávamos esperando uma catástrofe e não aconteceu. A cepa Delta ela não fez coisa alguma com o Brasil”, afirmou Uip.
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