‘Decisão sobre política de preços da Petrobras está na mão do presidente’, diz deputado

Nereu Crispim afirma que o aumento nos valores é resultado da cotação do barril de petróleo no mercado internacional e da taxa de câmbio

  • Por Jovem Pan
  • 01/10/2021 09h46
Michel Jesus/Câmara dos Deputado O deputado Nereu Crispim falando em plenário na Câmara dos Deputados O deputado Nereu Crispim protocolou um pedido para a instalação de uma CPI para investigar a alta no preço dos combustíveis

Na última terça-feira, 28, o deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS) protocolou, em nome da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, um pedido para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a alta no preço dos combustíveis e do gás de cozinha no Brasil. O documento argumenta que a Petrobras tem praticado medidas com critérios antieconômicos sobre o preço dos combustíveis e derivados do petróleo e gás natural, favorecendo importadores e investidores estrangeiros. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta sexta-feira, 1º, o deputado afirma que o aumento nos valores é resultado da cotação do barril de petróleo no mercado internacional e da taxa de câmbio. “De 2011 a 2014, o custo de exploração do barril de petróleo na Petrobras era em torno de U$ 23 dólares. Em 2021, o custo chegou a U$ 18 dólares. Como que abaixa o custo de produção e mesmo assim a gente fica atrelado ao preço de variação do dólar e preço da variação do barril?”, questiona o parlamentar. “Nós somos autossuficientes e poderíamos, inclusive, ter o mesmo sistema de produção que a Vale do Rio Doce, que pratica preço de exportação. Essa avaliação do preço baseada na variação do dólar e do barril de petróleo, somado com as tarifas portuárias e alfandegárias e o cálculo das distâncias, causam todo esse descontrole. Se nós praticássemos o preço de exportação, a redução seria de 15% no custo”, sugere Crispim.

O deputado acredita que a forma como a Petrobras está trabalhando não é benéfica para a população. “Nós produzimos em torno de 70% do petróleo. Depois ele é exportado e nós importamos ele novamente. Na verdade, não tem nem necessidade de existir a Petrobras, porque o refil está sendo feito no exterior e nós compramos esses produtos exatamente aos preços internacionais, que não é a realidade brasileira e nem dos custos de produção do produto”, explicou. O parlamentar acredita que os preços continuariam a aumentar mesmo com a redução ou fixação do ICMS por Estados e municípios. “A melhor alternativa seria criar um Fundo de Estabilização a partir das exportações. Nós temos que entender que uma redução do IMCS seria significativa em um primeiro momento, mas, à medida que nós estamos atrelados à variação dólar e ao preço do barril, esses preços voltariam a subir. Isso porque o preço do ICMS é um percentual, então ele é praticado a partir do valor que é definido pela cotação internacional”, explicou Crispim. Para ele, a solução mais rápida seria através de uma medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Faço questão de ressaltar que a decisão em relação a essa política de preços da Petrobras pode até ter um pouco de responsabilidade da Câmara dos Deputados, e até do Ministério da Economia, mas ela está na mão do presidente da República através de medida provisória”, apontou. Em live nesta quinta-feira, 30, o chefe do Executivo, no entanto, descartou essa possibilidade. “Não posso fazer milagre. Alguns querem que eu interfira na canetada manter o preço lá embaixo, se fizer isso o caos se instala. A Dilma fez isso em 2012 no tocante da energia elétrica, baixou uns 20% e teve reflexo direto nas empresas que faziam a distribuição. Teve que fazer um reajuste poucos meses depois, caso contrário, teríamos um apagão no Brasil”, afirmou. Na transmissão ao vivo, o presidente ainda informou que a Petrobras deve anunciar nos próximos dias a distribuição do chamado vale gásA ideia é garantir o valor referente a um botijão de 13 quilos a cada dois meses. Para o deputado Nereu Crispim, o vale gás não é a solução que a população espera. “A população não quer vale-gás, ela quer políticas públicas que lhe deem capacidade de compra. Se não, vamos viver de assistencialismo”, finalizou.

Confira a entrevista na íntegra:

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