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Desabastecimento no SUS pode deixar 60 mil brasileiros sem tratamento médico

remédios saindo do frasco

Diagnosticada com doenças inflamatórias como artrite e hidradenite, Patrícia Calazans faz tratamento há dois anos com adalimumabe. O medicamento, que pode chegar a custar R$ 10 mil por mês aos pacientes, também é fornecido pelo Sistema Público de Saúde (SUS). Desde janeiro deste ano, no entanto, Patrícia não consegue o remédio de forma gratuita e, por não ter condições de comprá-lo na rede particular, já começa a sentir as consequências da falta de medicação. “Os efeitos são as dores articulares, o cansaço, a fadiga. A resposta é que não tem estoque, que o Ministério da Saúde não fez a compra e distribuição dessa medicação para farmácia de alto custo.”

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O problema de Patrícia, que está sem previsão de receber o remédio, é o mesmo de outras 60 mil pessoas em todo o Brasil. Em carta aberta enviada ao Ministério da Saúde, as três entidades médicas manifestaram preocupação com o desabastecimento do insumo médico para pacientes do SUS. Segundo os especialistas, a descontinuidade do medicamento pode gerar consequências irreparáveis para a saúde dos doentes. Como explica o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Ricardo Xavier. “As vezes o paciente o paciente pode estar respondendo bem, Se a gente suspender agora, mesmo que troque por outra medicação, pode não ser eficaz naquele paciente. E o processo inflamatório vai reativar e, por exemplo, no olho pode perder a visão, na articulação desenvolver alguma deformidade.  Mesmo em um período curto pode acontecer novas erosões nas articulações e no intestino a mesma coisa, então em alguns pacientes pode ter um efeito dramático.”

Em ofício enviado em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde admitiu que poderá haver uma “lacuna” no abastecimento do medicamento causada por problemas administrativos. A pasta emitiu um ofício aos Estados informando sobre a troca de laboratórios fabricantes do medicamento, após a empresa anterior perde o registro junto à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). A nova farmacêutica está em fase inicial de produção, com previsão de regularização total da fabricação a partir de outubro. A carta das entidades médicas pede que a pasta realize uma compra emergencial do adalimumabe para suprir as demandas já existentes e para evitar total falta do remédio em um futuro próximo. Responsável pelo fornecimento do remédio ao SUS, a AbbVie informou, em nota enviada à reportagem, que o adalimumabe “está regular e em vigor, como comprova site da Anvisa”. A empresa disse ainda que tem estoque e está pronta para suprir as necessidades deste medicamento, via Ministério da Saúde, para os pacientes que dele necessitam e têm prescrição para recebê-lo. “Por meio do Ofício Circular nº 5/2021/CGCEAF/DAF/SCTIE/MS, de 12 de fevereiro de 2021, o Ministério da Saúde relata a intenção de adquirir adalimumabe 40mg, em seringa preenchida, via pregão eletrônico-SRP. A AbbVie aguarda a publicação do edital para avaliar sua participação no processo.” Segundo a AbbVie, desde 2007 os termos dos contrato e os cronogramas de entrega ao Ministério da Saúde são cumpridos rigorosamente. “O medicamento está disponível gratuitamente aos pacientes do SUS para o tratamento de doenças crônicas imunomediadas, entre as quais artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica, psoríase, hidradenite supurativa, doença de Crohn, uveíte”, informou a empresa.

*Com informações da repórter Baetriz Manfredini

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