Desigualdade salarial entre homens e mulheres diminui, mas ainda é alta no Brasil

De acordo com um levantamento da Vagas.com, elas tiveram alta de 18% na remuneração de 2019 a abril de 2021

  • Por Jovem Pan
  • 15/05/2021 08h35
Pixabay Pessoa usando computador e celular De 1998 a 2018, o salário delas saltou de R$ 3.232 para R$ 3.814, enquanto o deles passou de R$ 4.070 para R$ 4.422

Formada em administração, Aline Monteiro passou anos trabalhando como bancária e na área de recursos humanos. Conforme o tempo foi passando, mesmo crescendo na carreira, ela percebia sempre uma dificuldade: seu salário era menor que o de homens que estavam na mesma posição que ela. Cansada da situação, Aline resolveu largar tudo e transformar o que era hobbie em profissão: foi trabalhar como tatuadora em tempo integral. Mesmo com a mudança, hoje, seis anos depois, ela ainda enfrenta dificuldades por ser mulher.

“Quando você vai em um estúdio de tatuagem e tem um homem e uma mulher, a maioria dos homens querem fazer com homem. Já aconteceu de um homem marcar horário comigo, chegar no estúdio, querer conversar com o meu marido. E, depois que se deu conta que o trabalho que chamou a atenção dele na internet era meu, ele ficou conversando, foi embora e não voltou mais. Eu consegui, sim, enfrentando bastante preconceito porque muitas vezes quero saber mais sobre máquinas, tintas. E é homem que fala sobre isso, a maioria. Sempre preferem explicar para o marido.”

De acordo com um levantamento da Vagas.com, as mulheres ainda têm renda inferior aos homens, mas registraram aumentos maiores que o sexo oposto ao longo dos últimos anos. Elas tiveram alta de 18% na remuneração de 2019 a abril de 2021, o dobro do resultado conquistado pelos homens — que foi de 8,64%. De 1998 a 2018, o salário das mulheres saltou de R$ 3.232 para R$ 3.814, enquanto o do público masculino passou de R$ 4.070 para R$ 4.422. Especialista em Inteligência de Negócios da Vagas.com, Rafael Urbano explica que esse aumento na remuneração está ligado a maior escolaridade feminina.

“Quando a gente acaba olhando essa diferença na escolaridade, principalmente na formação superior e também na pós-graduação, e antigamente o que era muito consolidado, o ensino profissionalizante, as mulheres ganharam muito mais espaço nesse ponto. O que a gente viu é que as mulheres também avançaram, por exemplo, nos caminhos técnicos. Então como a entrada delas na escolarização técnica, elas conseguiram avançar nesses cargos também. Elas avançaram bastante nos níveis de liderança, tanto em cargos de gerência como diretoria. Mas, vale ressaltar, que ainda há predominância de homens. Mas essa diferença foi bastante reduzida.” Rafael afirma que a igualdade salarial e o maior número de mulheres em posições de liderança é uma tendência mundial. Para o especialista, é importante que principalmente as empresas de pequeno porte foquem em ações nesse sentido, já que são elas que empregam a maior parte da população.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini 

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