Desigualdade social amplia risco de morte por câncer no Brasil, diz pesquisa

  • Por Jovem Pan
  • 09/09/2019 07h19 - Atualizado em 09/09/2019 08h53
Agência Brasil Menino olhando para uma casa de madeira Letalidade pela doença chegou a 46,5% em Alagoas, estado com menor IDH do país

A pobreza pode estar diretamente relacionada a mortes por câncer. Um estudo do Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer revelou que estados com mais desigualdade social, maior percentual de população pobre e menos gastos per capita em saúde têm maior taxa de letalidade por causa da doença.

O Distrito Federal, que possui o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, tinha porcentagem de mortalidade menor: cerca de 28%. Enquanto isso, em Alagoas, estado com o menor IDH, a taxa de letalidade por câncer foi alta: 46,5%

O estudo analisou os percentuais de pessoas que faleceram depois do diagnóstico, usando dados de todos os estados, no período entre 2010 e 2016.

O oncologista Felipe Ades, do Hospital Oswaldo Cruz, observou que os resultados mudam uma falsa impressão. “Muitas vezes a gente fica pensando que pobreza está só relacionada com doenças infecciosas, doenças que as pessoas estariam expostas a agentes outros, mas estamos vendo que pobreza também está relacionada à morte por câncer. Desigualdade social também está relacionada à morte por câncer. De qual maneira isso está relacionado a gente vai ter que investigar profundamente”, ressalta.

O médico explica que, embora o estudo não avalie a relação causa-efeito, os resultados apontam uma forte ligação entre fatores socioeconômicos e maior letalidade por câncer. “Em estados onde existe maior pobreza, maior desigualdade social e menos acesso a planos de saúde, por exemplo, e o investimento de saúde é pior, você tem um pior desfecho por câncer, mais pessoas morrem depois de um diagnóstico.”

De acordo com o especialista, 70% dos casos de câncer no mundo ocorrem em países de baixa e média renda. Para Ades, os dados são importantes para mudar a forma de se pensar tratamentos e prevenções, além de políticas públicas.

O médico ainda alerta que é preciso novas etapas do estudo para entender mais detalhes da relação entre pobreza e câncer, e, no futuro, utilizar os melhores resultados de combate à doença em todo o país.

*Com informações da repórter Marcella Lourenzetto 

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