Dia Internacional da Mulher: Mesmo sendo maioria, mulheres enfrentam desafios no mercado de trabalho
Em algumas áreas, a presença feminina segue muito inferior a masculina
Oito de março, Dia Internacional da Mulher. Uma data marcada pela celebração das conquistas até aqui e de lembrança do quanto ainda é possível avançar. Segundo o IBGE, as mulheres são a maior parte da população brasileira. Apesar disso, no mercado de trabalho, em algumas áreas a presença feminina segue muito inferior a masculina. A Valéria é copiloto de uma companhia aérea que tem 1600 pilotos — apenas 54 são mulheres. Ela começou como comissária de bordo e, 12 anos depois, decidiu que queria mais. Aprendeu a pilotar, estudou, se preparou e o primeiro voo sob responsabilidade dela foi marcado pela emoção. “Daí eu chorei da decolagem ao pouso. Foi uma sensação surreal, eu percebi que aqui era o meu lugar.”
Uma pesquisa recente realizada por um site brasileiro de classificados de empregos apontou que as mulheres tem maior grau de escolaridade do que os homens e ainda assim podem chegar a ganhar metade do que eles exercendo exatamente a mesma função. Para a Marta, que é motorista profissional, essa realidade ficou pra trás quando ela passou a dirigir para aplicativos. “No aplicativo, o que o homem ganha a mulher ganha. Então eu acho que isso é uma vantagem que as mulheres tem nesse trabalho. E acho que, cada vez mais, as mulheres tem que procurar ter o espaço dela e ela ser respeitada.” Ela conta que passou por situações em que clientes cancelaram corridas ao ver que era uma mulher, mas que felizmente percebe que isso acontece cada vez menos. Dirigir por profissão foi uma forma que ela encontrou para se recolocar no mercado de trabalho.
O desemprego, que afeta milhões de brasileiros, tem sido mais duro com elas. Entre os motivos elencados pelo estudo Estatísticas de Gênero, do IBGE: o fato de ser mãe. Sem ter retornado ainda a uma rotina como era antes da pandemia, muitas mulheres permanecem em casa pois não tem com quem deixar os filhos. A Roselaine chegou a largar a carreira para cuidar dos filhos, sentiu que era o momento de ser mãe. Um tempo depois, foi a hora de voltar e ela lutou para que fosse na profissão que gosta: vigilante. Ela trabalha na rotina de carro-forte e, apesar de andar armada, diz que a função não deve ser relacionada com brutalidade ou fraqueza por ser mulher — e sim com saber desempenhar bem o que lhe é pedido. “Nós mulheres estamos hoje em dia empoderadas. Quem veio tem que representar e subir por mérito, que é o mais legal.”
*Com informações da repórter Carolina Abelin
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