‘Em qualquer periferia, está tudo aberto’, afirma Márcio França sobre pandemia em SP

Ex-governador criticou a atuação da atual gestão e afirmou que João Doria ‘acelera, mas não engata a marcha’ do Estado

  • Por Jovem Pan
  • 26/04/2021 09h58 - Atualizado em 26/04/2021 10h17
Foto: ROBERTO SUNGI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO FUP20210417331 - 17/04/2021 pessoas de máscaras andando na rua França defendeu que governadores e prefeitos deveriam complementar o auxílio emergencial de R$ 200 do governo federal

O ex-governador de São Paulo Márcio França criticou a demora do governo estadual em tomar medidas contra a Covid-19. “Em outubro de 2019 eu comprei uma caixa de máscaras. Minha mulher brincou com meus filhos que eu estava ficando louco. Era evidente que estava na China, iria chegar na Europa e depois no Brasil. Mas, em fevereiro, promoveram o maior Carnaval do século. Não cumpriram quarentena em Cumbica, já que praticamente estrangeiro só entra em Brasil por lá. Tinha que fazer fechamento lá no início, aplicar o controle individual de casa em casa, feito em vários países.” Para ele, uma quarentena “sem muita noção” resulta no prolongamento da pandemia. “Só existe fechamento em algumas atividades. Em qualquer periferia está tudo aberto. O governador acelera, mas não engata a marcha”, afirmou. “A pessoa passa por muitas humilhações, mas ver filho passando fome ninguém suporta.”

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, França defendeu que governadores e prefeitos deveriam complementar o auxílio emergencial de R$ 200 do governo federal e tirar o ICMS da luz e telefone dos comerciantes. Para fomentar o caixa, ele deu como sugestão a antecipação de impostos, como o IPVA. “Dá para viver com R$ 600, R$ 700. É apertado, mas dá para comer. Se não houver saída, a pessoa acaba desesperada e precisa ir trabalhar. Eles não tem outra alternativa”, avaliou. Sobre a CPI da Covid-19, que também vai investigar decisões de Estados e municípios, ele avalia que a comissão nunca é “uma coisa muito positiva no ponto de vista de ajudar o governo” e costuma mais atrapalhar porque causa tensões. Ele questionou o número de hospitais de campanha criados e que, muitas vezes, nem foram usados. “Defendi que o prefeito Bruno Covas usasse os recursos deles para os prédios abandonados de hospitais parados. Pelo menos deixaria um legado.”

Sobre o cenário para 2022, ele falou sobre a criação de uma possível frente política com o objetivo de evitar a dicotomia nas eleições entre Lula e Bolsonaro. “Sempre é possível, mas ainda não existe. O único nome colocado é o Ciro Gomes. Com a volta de Lula, acho difícil que uma das vagas não seja dele. Alguém do centro pode derrotar tanto um lado quanto o outro. O nome mais consistente é o do Ciro, mas como você convence um João Doria? Eduardo Leite é um bom nome, mas desconhecido. Mandetta também era menos conhecido. E aí vem o de sempre, Luciano Huck. Nomes famosos, simpáticos — mas sem nenhuma visão. E já caiu a ficha da população de que, na hora de uma turbulência, é preciso de alguém com experiência. Bolsonaro antes não tinha sido nada do Executivo. João Doria muito menos, o negócio dele era outro. Bruno Covas tinha experiência, mas a doença o impede de estar no governo o tempo todo.” Para o ex-governador, quem se expõe a fazer governo tem que antecipar situações e estar preparado.

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