Entrada de times na Bolsa de Valores é alternativa para redução de dívidas
Atualmente, os 15 principais clubes do país somam um endividamento superior a R$ 10 bilhões, o dobro das receitas; adesão ao modelo clube-empresa cabe às associações
A percepção dos torcedores com a chegada da lei da Sociedade Anônima, que prevê estímulos para que os clubes deixem de ser entidades sem fins lucrativos e adotem o novo modelo de S/A, é de que o futebol pode sofrer uma virada. A redação permite que os clubes abram capital na Bolsa de Valores. Uma das novidades é que poderão recorrer a mecanismos a fim de reduzir o montante que devem. O advogado especializado no tema, Ricardo Amaral Siqueira, destaca a alternativa. “Aqueles times que sequer conseguiriam gerar receitas para pagamentos de dívidas, nós teremos acesso a recuperação judicial e extrajudicial, que são dois instrumentos importantíssimos para enfrentamento de situações de crise, como a atual vivenciada pelos clubes.”
Com as agremiações contabilizando dívidas impagáveis, essa pode ser uma saída para tentar equilibrar as contas. A intenção é que a nova estratégia de jogo aconteça no campo do investimento, com uma gestão mais profissional. Para se ter uma ideia, os 15 principais clubes do país somam um endividamento superior a R$ 10 bilhões, o dobro das receitas. Um dos autores do texto da lei, José Francisco Manssur, diz que até mesmo torcedores poderão ter a chance de serem acionistas do time de coração. “A partir do momento que o torcedor se torna acionista, ele tem muito mais direito de reivindicar”, afirma, destacando, no entanto, que a decisão cabe aos clubes.
“Ele pode ficar o tempo todo com 100% das ações ou vender sempre um capital que não tire dele o controle e nunca abrir o capital na bolsa para acionista comum. O mais importante é a liberdade que dá para o clube, inclusive se quiser continuar sendo associação. Ninguém é obrigado a virar empresa”, afirma. Apesar das mudanças a adesão vai depender de cada clube, no entanto, não será uma tarefa fácil convencer os quadros associativos, já que a previsão é de enfrentamento de resistência, porque para muitos há o interesse em manter o retrato atual para a manutenção do poder.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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