Entre Rússia e Reino Unido: inimigos, inimigos; negócios à parte

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan em Londres
  • 21/05/2018 09h29
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EFE/Jean-christophe Bott Empresário é dono do Chelsea desde 2003 Oligarca russo e dono do Chelsea, Román Abramóvich (esq.), poderá deixar a Inglaterra pois seu visto não foi renovado

Inimigos, inimigos. Negócios à parte. Esta parece ser a máxima do Reino Unido em relação a Rússia.

Porque se a retórica diplomática esquentou desde o envenenamento de um espião russo na Inglaterra, nada foi feito para impedir que os petrodólares da terra de Vladimir Putin continuassem fluindo por aqui. Nem mesmo aqueles de origem bastante duvidosa.

Os parlamentares britânicos finalmente perceberam a hipocrisia da situação e hoje lançam um relatório pedindo que o governo lance novas sanções econômicas contra a Rússia.

Segundo a comissão de relações exteriores da Câmara dos Comuns “a resposta letárgica do governo está sendo tomada como prova de que o Reino Unido não ousa deter a Rússia. Os mercados de Londres estão possibilitando os esforços do Kremlin.”

A verdade é que a capital britânica é um playground para os oligarcas russos que fizeram fortuna espoliando a economia russa após a queda da União Soviética. Alguns se tornaram inimigos de Putin, outros mantém relações, como Roman Abramovich, dono do clube de futebol Chelsea.

Abramovich, aliás, teve que deixar a Inglaterra porque seu visto de residência venceu e ainda não foi renovado, o que a imprensa inglesa suspeita que seja uma retaliação pela crise com Moscou.

O fato é que historicamente os britânicos não se importam muito com a origem do dinheiro, desde que ele venha parar aqui. É assim desde muito antes de Francis Drake.

Enquanto o governo é pressionado para bloquear os negócios dos cleptocratas russos na City of London, o ex-espião Sergei Skripal, segue se recuperando da tentativa de assassinato em casa. Ele teve alta na sexta-feira passada e recebeu mensagem de apoio até do presidente Putin, que disse ironicamente: graças a Deus ele se recuperou. Se fosse mesmo um agente nervoso de graduação militar, Skripal não estaria aqui para contar história.

Uma história aliás que ninguém, além das autoridades britânicas, ouviu da boca dele, já que a embaixada russa não teve acesso a Skripal e seu paradeiro não será revelado.

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