Especialistas avaliam saídas para a violência policial no Brasil
Na opinião de pesquisadores e coronéis, possíveis soluções para o problema passam por uma série de mudanças
Após uma série episódios de violência, o governo de São Paulo iniciou um programa de retreinamento para todos os policiais militares do estado em junho. O curso durou um mês, com discussões sobre métodos de abordagem. Na ocasião, o governador João Doria afirmou a ação coibiria a existência de maus-policiais. “Para que possamos retreinar toda a nossa tropa para evitar que esse 1% de maus-policias, que insistem em utilizar a violência desnecessária junto a população, possam compreender que isso não é aceitável na Polícia Militar do Estado de São Paulo”, disse. No entanto, é consenso entre os especialistas que a solução para a violência policial no Brasil não é simples, tendo a vista as diferentes realidades de cada estado. Mas, na opinião de pesquisadores e coronéis, a saída do problema passa por uma série de mudanças.
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, afirma que o primeiro passo para os governantes é reconhecer que a violência policial é um problema a ser resolvido. “Começa reconhecendo que é um problema As respostas que a gente tem do Estado e da própria corporação são muito que eles eles não compactuam com desvios e a gente sabe o que, no final das contas, acontece. Esse policial vai ser afastado, eventualmente vai ter prisão decretada, vai ser solto e reintegrado, deslocado para batalhão de outra área e vai voltar a trabalhar como se nada tivesse acontecido.”
O coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo, Glauco Carvalho, diz que os comandos devem repensar o modelo de patrulhamento. “Não é justo, não é correto as áreas mais distantes, as áreas mais pobres e vulneráveis não terem a mesma distribuição de policiamento que têm áreas mais nobres”, afirma. Ex-secretário nacional de Segurança Pública, o coronel José Vicente defende atenção maior com agentes que se envolvam em confrontos. “Outro aspecto que eu considero é que policias que reiteram ações letais devem têm que ser retirados das ruas. Não é normal que isso aconteça. Todo policial envolvido em ação de letalidade deve ser recolhido para avaliações psicológicas”, disse. Segundo a pesquisa mais recente do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgada em 2013, o Brasil tem mais de 425 mil policiais militares e quase 118 mil policiais civis. A proporção é que havia um policia militar para cada 473 habitantes e um policial civil para cada 1.790 pessoas.
*Com informações do repórter Leonardo Martins
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.