Ex-servidora de Alcolumbre diz que nunca foi a Brasília e entregou cartão onde recebia salário

Pedro França/Agência Senado Senador Davi Alcolumbre foi presidente do Senado Federal entre 2019 e 2021

A Jovem Pan News teve acesso a uma conversa gravada nesta segunda-feira, 12, em que uma ex-funcionária do senadora Davi Alcolumbre (União Brasil) revela nunca ter estado no gabinete, mesmo sendo funcionária  do parlamentar de 2015 a 2021. Ela ainda relata que precisou entregar o cartão da conta bancária onde recebia os salários como servidora pública. A mulher foi flagrada deixando o comitê de campanha de Alcolumbre em Macapá, capital do Amapá, e entrando em um veículo adesivado com o material de campanha do senador que tenta a reeleição. Segundo o Portal da Transparência do Senado Federal, ela atuava como assessora parlamentar júnior e deveria dar expediente todos os dias. Em outubro de 2015, como mostram os registros do Senado, a mulher recebeu quase R$ 9,5 mil reais. Em uma conversa informal e sem saber que estava sendo gravada a mulher relatou que não chegou a bater ponto no Congresso Nacional. A ex-servidora mora em Macapá e, segundo ela, durante todos esses anos nunca esteve em Brasília. Houve até uma promessa de que ela iria à capital federal na posse do senador, em 2015, mas como estava doente na época não conseguiu viajar. “Eu só não fui porque estava doente, se não tinha ido conhecer Brasília”, declarou a mulher nas imagens obtidas pela Jovem Pan News.

Em quase oito anos a ex-servidora teria recebido cerca de 380 mil reais do Senado. Segundo ex-funcionária, que foi desligada do gabinete no ano passado, ela jamais recebeu o valor integral declarado no holerite. Na conversa gravada, a mulher diz ter sido orientada por dois outros funcionários do gabinete a entregar o cartão que daria acesso à conta bancária em que o pagamento seria depositado. Mesmo registrada com alto salário, a mulher revela já ter passado por necessidade. Davi Alcolumbre foi presidente do Senado entre 2019 e 2021 e atualmente comanda a Comissão de Constituição e Justiça, a mais poderosa da casa legislativa. A reportagem procurou a assessoria do senador, mas até o momento não obteve retorno.

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*Com informações do repórter Bruno Pinheiro