Explosão dizima estoque de grãos do Líbano; TV alertou sobre risco no local em 2013

A rede de televisão Al-Jazeera já havia alertado para o risco à segurança do local, já que o porto fica numa área estratégica da capital libanesa

  • Por Jovem Pan
  • 06/08/2020 06h13 - Atualizado em 06/08/2020 08h00
EFE/EPA/WAEL HAMZEH Foto aérea que mostra várias casas de cor clarano Líbano e uma densa fumaça preta saindo ao fundo de um prédio O governo do Líbano decidiu colocar todos os funcionários responsáveis pelo porto de Beirute desde 2014 em prisão domiciliar

Novos vídeos e relatos ajudam a dar dimensão da tragédia da terça-feira, 04, em Beirute, capital do Líbano. Imagens captadas do alto por um drone mostram que, muitas horas após a explosão, ainda havia fumaça saindo do local. O cenário na quarta-feira, 05, ainda era de terra arrasada, com escombros por todos os lados. Uma cratera se formou no porto, mudando a geografia da região. Um vídeo mostra uma mulher e três crianças observando a coluna de fumaça quando a onda de choque sacode o prédio, derrubando as janelas sobre os quatro. Brasileiros que moram na cidade e no entorno relembram os momentos de tensão e medo. A professora Yasmin Mussallam dava aulas de ginásticas em uma das principais ruas de Beirute quando tudo aconteceu. ” O prédio inteiro estava tremendo muito forte. os vidros do prédio caíram na sacada onde eu ensino. A gente viu uma fumaça muito forte”, conta a professora.

A mãe de Yasmin é guia turística no Líbano e estava numa praia longe de Beirute quando ouviu o estrondo. Moradora de Bchamoun, cidade vizinha à capital libanesa, Carla Mussallam sentiu o chão tremer, mesmo a quilômetros de distância. “O porto de Beirute não existe mais, é realmente como uma guerra, não existe mais nada”, afirma a moradora. A principal suspeita é que a explosão tenha sido causada pelo armazenamento incorreto do nitrato de amônio. Em 2013, a rede de televisão Al-Jazeera já havia alertado para o risco à segurança do local, já que o porto fica numa área estratégica da capital libanesa. As buscas por desaparecidos prosseguem. O cirurgião plástico brasileiro, Ghassan Said, mora em Beirute e diz que a tragédia sobrecarregou ainda mais o sistema de saúde da cidade, já prejudicado pela pandemia do coronavírus.

Nesta quarta-feira, o governo do Líbano decidiu colocar todos os funcionários responsáveis pelo porto de Beirute desde 2014 em prisão domiciliar. O país também declarou estado de emergência pelas próximas duas semanas; neste período, a segurança ficará a cargo do Exército.  A estimativa inicial do governo é que a explosão causou danos que podem chegar a 5 bilhões de dólares, o que equivale a mais de 26 bilhões de reais. Lideranças do mundo inteiro se manifestaram, prestando “condolências” e afirmando que enviarão ajuda ao país. Ainda nesta quarta, o Tribunal Especial para o Líbano, com sede em Haia, anunciou que decidiu adiar a divulgação de um veredito sobre quatro acusados, todos membros do grupo xiita Hezbollah, de participar do atentado que matou o ex-premiê Rafik Hariri, em 2005. O resultado seria publicado nesta sexta-feira, 07, mas agora só será anunciado no dia 18 de agosto.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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