Falta de acesso à educação prejudica mais as famílias de baixa renda, diz Unicef

Estudo aponta que problemas com acesso à internet atrapalham execução das atividades remotas; diminuição da renda e insegurança alimentar também são impactos da pandemia

  • Por Jovem Pan
  • 01/07/2021 11h14 - Atualizado em 01/07/2021 16h07
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Caio Basilio/Futura Press/Estadão Conteúdo - 03/03/2021 Quatro crianças sentadas na carteira escolar, uma distante da outra, assistem a uma aula em escola do Rio de Janeiro Segundo pesquisa, 41% das famílias informaram que as escolas estão oferecendo atividades presenciais

Uma pesquisa encomendada pelo Unicef revela que famílias morando com menores de 18 anos sofrem grandes impactos econômicos e sociais da crise sanitária. Segundo a representante da entidade no Brasil, Florence Bauer, quando o assunto é educação, 41% das famílias informaram que as escolas estão oferecendo atividades presenciais. “A boa notícia nessa pesquisa é que aponta que 41% da população que reside com crianças e adolescentes nos dizem que as escolas estão oferecendo atividades presenciais. Dessa população, a metade está aproveitando dessas atividades presenciais, o que mostram que são 20% que tem esse tipo de atividade”, comenta. No entanto, o dado vem acompanhado de uma preocupação, que é a falta de acesso à internet e equipamentos que ajudem os alunos nas atividades remotas. “O acesso se faz em grande maioria por meio do WhatsApp e material impresso que o celular é o principal dispositivo utilizado por crianças e adolescentes, sobretudo entre as populações mais vulneráveis, que são quase 30% dessa população que tem acesso por meio de um celular que não é pessoal, é de outra pessoa. Isso nos mostra as barreiras que a população mais vulnerável está tendo para aproveitar adequadamente da educação remota”, afirmou.

A pesquisa, que contou com a participação de mais de 1.500 pessoas em suas três rodadas de estudo, mostra ainda a ampliação da desigualdade causada pela pandemia. Em maio deste ano, 56% dos brasileiros declararam que a renda do domicílio diminuiu. “O que isso aponta é o aumento das disparidades e a importância das políticas. Podemos imaginar o quanto pior seria a situação sem esse tipo de políticas que são fundamentais. O que ela aponta também é a necessidade de ter políticas que cheguem às populações, em particular as mais vulneráveis, que não têm acesso por uma série de barreiras. Além disso, é necessário oferecer oportunidade para as populações jovens, os adolescentes, que podem ser oportunidade de emprego e de aprendizagem”, pontuou. O impacto da pandemia também é visto na alimentação dessas famílias. Ao todo, 27 milhões de pessoas deixaram de comer em algum momento por falta de dinheiro. “A alimentação pode se deteriorar com o consumo de alimentos, frutas, verduras e outros alimentos não industrializados que tendem a diminuir entre as parcelas mais pobres da população. Alerta para a questão de segurança alimentar e outra vez nos chama atenção da importância que os programas sociais realmente cheguem às populações mais vulneráveis”, disse.

Para além dos obstáculos na alimentação, outro ponto abordado pelo estudo é o prejuízo à saúde mental, com 56% dos entrevistados afirmando que algum adolescente da casa apresentou um ou mais sintomas relacionados a transtornos mentais. “Que pode ser insônia, falta de apetite, irritabilidade, que são sintomas que apontam essa situação da saúde mental. Isso confirma mais uma vez como as crianças e adolescentes estão sofrendo de maneira muito profunda com essa situação e aponta pela necessidade de ter uma articulação entre os serviços de saúde, educação e assistência social para uma escuta acolhedora e para redes de apoio para aqueles que precisam de um apoio mais focalizado”, pontuou. A terceira rodada do estudo intitulado de “Impactos primários e secundários da Covid-19” foi realizada pelo Instituto de Pesquisa e Consultoria. O objetivo foi mapear e compreender de que maneira a pandemia atingia as famílias.

*Com informações da repórter Elisângela Carreira

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