Famílias gastam menos com saneamento do que com energia, mostra pesquisa

Estudo aponta que as despesas médias com água e esgoto permaneceram no mesmo patamar entre 2008 e 2018; custos no Brasil são menores do que no Chile e no México, mas superiores aos da Colômbia

  • Por Jovem Pan
  • 13/07/2021 08h57 - Atualizado em 13/07/2021 10h01
Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo - 19/10/2016 Córrego a céu aberto na Brasilândia evidencia falta de saneamento Estudo comparou o impacto do saneamento básico no orçamento familiar com outras utilidades públicas

Um item dos mais importantes no dia a dia das pessoas, o saneamento, tem uma nova radiografia. Um estudo inédito do Instituto Trata Brasil expôs um leve avanço nos serviços em 10 anos e estabilidade nos gastos dos
brasileiros. Esse raio-X comparou o impacto do saneamento básico no orçamento familiar com outras utilidades públicas. O economista, Fernando Garcia, responsável pela pesquisa, coletou dados sobre o reflexo das tarifas de água e esgoto no orçamento familiar, confrontando por exemplo, com energia e telecomunicação. Segundo ele, há muito o que fazer, especialmente no que diz respeito a tributação do setor. “O Brasil, por exemplo, tem custos menores que o Chile e que o México, mas tem custos maiores que a Colômbia por um problema tributário. A Colômbia não tributa água e esgoto e o Brasil tem uma carga tributária pesada”, afirmou. A despesa média com as unidades de consumo brasileiras ficou 12,6% abaixo da realizada pelas famílias chilenas e 35% menor que das mexicanas. Na comparação com as colombianas, o peso da conta de água e esgoto no Brasil que atinge 1,12%, foi inferior ao da Colômbia que marca 1,30%.

O presidente da Associação Brasileira de Empresas Tratamento de Resíduos e Efluentes, Luiz Gonzaga Ferreira indica que é possível otimizar este cenário. “O renovado marco do saneamento, que prevê a universalização dos serviços de água, de tratamento de esgoto, pode também fazer com que a gente aproveite a energia dos aterros sanitários”, pontuou. O levantamento apontou ainda que as contas de água e esgoto não aumentaram em um período de 10 anos. Pelo contrário, houve ligeira queda de 1%, passando de R$ 68,86, em 2008, para R$ 68,20, em 2018. Isso mostra que o valor pago permaneceu praticamente o mesmo, sem pressão inflacionária. Vale destacar que as despesas médias das famílias com empresas de telecomunicações foram de R$ 117,31, registrando alta de 4,3% e com energia elétrica de R$ 124,75, apontando uma elevação de 7,6%.

Para Fernando Garcia houve avanços. “O principal resultado que é uma notícia muito boa é que o Brasil conseguiu avançar nos últimos 10 anos no setor de saneamento sem pressionar o bolso das famílias brasileiras. As despesas médias permaneceram no mesmo patamar entre 2008 e 2018, ao contrário do que aconteceu com as despesas de energia elétrica e comunicações, que pesam para os brasileiros e cresceram”, disse. As análises feitas foram baseadas em informações da Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE, que colheu indicadores socioeconômicos das famílias brasileiras.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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