‘Foi um recuo tático, não quis ser intransigente’, diz ministro da Educação sobre adiar volta às aulas
‘Bolsonaro queria voltar antes, mas ponderei com ele’, afirmou Milton Ribeiro; retorno está marcado para o dia 1º de março, porém aulas poderão continuar remotas
O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta sexta-feira, 25, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, que mudou o retorno das aulas para 1º de março de 2021 por “sensibilidade acadêmica”. Inicialmente, o MEC havia determinado que as atividades retornassem no mês de janeiro mesmo sem planos de vacinação contra o novo coronavírus em vista, o que gerou críticas da comunidade acadêmica, principalmente dos reitores das universidades públicas. “Eu me reuni com pessoas e tive sensibilidade, por orientação até mesmo do presidente, para ouvi-los. Ele [Bolsonaro queria que voltasse antes, eu caminhei e ponderei com ele, para não voltar a qualquer preço. Foram recuos táticos em uma batalha visando o melhor, não quis ser intransigente. A questão foi mais com a carga pedagógica, foi uma questão mais ligada à minha sensibilidade acadêmica e menos política”, disse.
Segundo Ribeiro, o retorno em janeiro de 2021 iria atrapalhar o andamento pedagógico das instituições de ensino. As atividades poderão, no entanto, permanecer remotas até 31 de dezembro do ano que vem no ensino básico e superior em todo o país. O ministro declarou, ainda, que por ele o retorno seria antes, mas que compete aos estados e municípios decidir. “Não é porque eu sou negacionista ou quero colocar em risco a vida de jovens e crianças, mas porque podíamos ver a pouco tempo atrás praias e baladas cheias de gente. Mas o que foi possível acontecer, aconteceu. Pontuei depois de uma discussão bem aprofundada com minha equipe que 1º de março seria uma notícia boa”, afirmou, destacando que no Paraná e no Distrito Federal o retorno será no mês de fevereiro. “A indicação do 1º de março foi mediana e eu acredito que será suficiente para reorganizar e dar segurança aos nossos alunos”, completou.
Saída de Weintraub do comando do MEC
Marcado por declarações polêmicas, Abraham Weintraub deixou o Ministério da Educação em 18 de junho. Sua saída aconteceu após a participação do ministro em um ato pró-governo no qual não usou máscara, sendo multado em R$ 2 mil pelo governo do Distrito Federal. Ele também era alvo do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF) por ter falado em prisão dos ministros da Corte e os chamado de “vagabundos”. Também existia uma investigação por racismo após falar sobre a China. De acordo com Ribeiro, sua postura menos combativa e polêmica foi “intencional”. Para ele, “educação não se faz em meio a discussões sem propósito”. “Minha ideia no primeiro momento, sem demérito à gestão anterior, foi intencional. Queria uma união entre todos os educadores, sem qualquer discussão ideológica e questões maiores. Estamos procurando monitorar as dificuldades do aprendizado, fornecendo algumas ferramentas aos alunos, sobretudo na educação básica”, disse o ministro.
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