França reforça segurança nas igrejas para comemorar Dia de Todos os Santos
Militares vão fazer o patrulhamento nas ruas e também serão utilizados para proteger escolas
As forças armadas francesas estão sendo deslocadas nesta sexta-feira (30) para proteger locais de prática religiosa, sobretudo igrejas católicas. O país vai celebrar o Dia de Todos os Santos neste domingo (1º), após o ataque da última quinta-feira (29) na Basílica de Notre Dame, em Nice. Sete mil militares vão fazer o patrulhamento nas ruas e também serão utilizados para proteger escolas a partir de segunda-feira (2). Isso por si só demonstra o momento de emergência que a França vive diante do extremismo islâmico que assola o país há anos.
O presidente Emmanuel Macron enfrenta uma grave crise interna, que levará tempo e novas estratégias para ser superada. As declarações há duas semanas, sobre ações para acabar com o que ele chamou de “separatismo islâmico”, só incendiaram ainda mais os discursos radicais. E as próprias forças de segurança do país reconhecem que o perfil dos terroristas mudou mais uma vez, trazendo novas complexidades. Al-Qaeda e Estado Islâmico, ainda que em forte declínio, seguem influenciando o discurso radical contra o Ocidente.
Os últimos ataques em território francês foram realizados por jovens que não estavam ligados diretamente a grandes redes, como ocorria no passado. Foram influenciados pelas redes sociais, que se tornaram a principal arma do extremismo dentro deste novo contexto. Com a descentralização, por assim dizer, das redes terroristas, os serviços de inteligência têm sofrido ainda mais para identificar as ameaças em potencial.
A França monitora hoje oito mil pessoas que estão cadastradas no arquivo de alertas para a prevenção da radicalização terrorista, mas nenhum dos responsáveis pelos últimos atentados estava nesta lista — o que torna os ataques praticamente imprevisíveis. As prisões francesas também continuam sendo um grande vetor de radicalização. Hoje são mais de 500 terroristas detidos que têm alguma ligação com grupos extremistas.
E, por fim, ainda existe a chamada “guetização” crescente de imigrantes muçulmanos na França — que de certa forma contribui para que jovens alijados da sociedade busquem refúgio no discurso do terror. Dificilmente os planos de Macron, anunciados há duas semanas, vão conseguir lidar com estes problemas de maneira efetiva nos próximos meses. Os grandes ataques terroristas de fato diminuíram na Europa — mas a ameaça ainda continua presente e ativa, como vimos em Nice.
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