Governo de SP inaugura mais quatro delegacias da mulher com atendimento 24h
O Dia Internacional da Mulheres foi marcado por protestos e pedidos pelo fim da violência de gênero. No fim da tarde desta sexta-feira (8), na Avenida Paulista, região central de São Paulo, milhares de mulheres se reuniram reivindicando o fim das desigualdades e do desrespeito.
A fisioterapeuta Miriam Lazarte, presente no protesto, afirma que por muitos anos as mulheres ficaram caladas, e agora é momento de reclamar a liberdade e os direitos básicos de todas. “Eu fui tomando consciência nos últimos anos de como a gente não tem liberdade. A gente tem que pensar mil vezes em como vamos sair, o que vamos falar, se é adequado ou não, então chega”, disse.
Já a psicóloga Thais Santos lembra das tantas mulheres que já morreram na luta pelos direitos hoje conquistados . “Para que a gente pudesse estar aqui hoje com leis, com o mínimo que temos, muitas mulheres morreram. Então não dá pra celebrarmos essa data sem lembrar da luta”, ressaltada.
Ao longo da manifestação, cartazes lembravam casos de violência contra a mulher e pediam: basta! Os protestos coincidem com o alerta dos números. Os casos de feminicídio aumentaram em cerca de 13% de entre 2017 e 2018. No ano passado, 136 mulheres foram mortas no estado de São Paulo, apenas pelo fato de serem do sexo feminino.
São vítimas como Isabela Miranda de Oliveira, que morreu queimada pelo namorado, após uma crise de ciúmes. Ele a encontrou na cama com o cunhado. Testemunhas afirmam, no entanto, que Isabela estava bêbada e foi vítima de abuso sexual.
O crime aconteceu em uma chácara em Franco da Rocha, no domingo de Carnaval. Isabela faleceu nesta quinta-feira (7) com 80% do corpo queimado e foi enterrada nesta sexta-feira (8). O namorado acusado de queimá-la, William Felipe Alves, está preso.
Segundo estudo do Ministério Público de São Paulo, 59% das denúncias de violência contra mulher foram feitas entre às 18h e às 6h. O que demonstra a necessidade das Delegacias da Mulher funcionarem noite e dia.
Nesta sexta-feira (8), o governador João Doria inaugurou mais quatro Delegacias de Defesa da Mulher com atendimento 24 horas. Antes, apenas uma delegacia no centro da cidade e outras duas no interior do estado funcionavam dessa forma.
Doria lembrou da importância de mulheres agredidas serem atendidas por outras mulheres. “As mulheres em situação de fragilidade querem ser atendidas por mulheres. Uma mulher que foi agredida, ameaçada ou está sob risco ela fica constrangida de chegar numa delegacia, por mais que seja um ambiente seguro, e ser atendida por um homem. Ela quer o conforto de um rosto feminino”, declarou o governador.
A delegada Juliana Bussato, é responsável pela 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em Santo Amaro, e lembra que nesses casos de agressões não basta fazer o boletim de ocorrência. “A gente busca dar um acolhimento porque não basta só fazer o boletim de ocorrência, a mulher precisa sair orientada dos seus direitos e do caminho que ela precisa fazer para sair do ciclo de violência”
Além da unidade de Santo Amaro e do Centro, também funcionarão 24 horas as delegacias da Vila Clementino, São Mateus e Itaquera. Segundo o governador João Doria, até o fim deste mês, São Paulo terá 10 delegacias da mulher com atendimento noite e dia. Até o final da gestão, em 2022, a promessa é que o número chegue a 40 em todo o estado.
*Com informações do repórter Vinicius Silva
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