Kassab defende fim do Orçamento Secreto: ‘Sempre fui crítico de emendas vindas do Legislativo’

Presidente nacional do PSD também reiterou que sua posição foi de ‘rigorosa neutralidade’ nas eleições e que vê com preocupação as manifestações contra a vitória de Lula

  • Por Jovem Pan
  • 07/11/2022 08h42 - Atualizado em 07/11/2022 08h57
FLAVIO CORVELLO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Gilberto Kassab O presidente do PSD, Gilberto Kassab, é o atual secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo

Para falar sobre os rumos do novo governo Lula (PT) e a nova configuração de forças no Congresso Nacional, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. O político defendeu o fim do Orçamento Secreto e declarou que apoiaria o próximo presidente na tentativa de mudar o funcionamento das emendas do parlamento: “Posso afirmar que tenho dito, em caráter pessoal, que acho que pertence ao Executivo as iniciativas das emendas. Eu sempre fui um crítico de emendas vindas do Legislativo, sejam impositivas, ou não. Acredito que o parlamentar que é oposição, cabe a ele fiscalizar, denunciar e usar a tribuna para propor alternativas. E o parlamentar que é governo, cabe a ele procurar o governo e propor iniciativas, investimentos e programas que serão potencialmente aceitos pelo governo. Eu tenho uma posição pessoal. Eu imagino que ele [governo Lula] vai acabar [com o orçamento secreto] pelas suas declarações públicas. Ou vai tentar acabar. E se tentar acabar, vai contar, do ponto de vista pessoal, com o meu apoio”.

O presidente nacional do PSD reiterou que sua posição foi de “rigorosa neutralidade” nas eleições e que vê com preocupação as manifestações contra o resultado das urnas: “Eu tenho respeito por aquelas que mostram insatisfação. Afinal de contas, existem vencedores e perdedores. Manifestação, todas elas são democráticas. Mas, aquelas que contestam o resultado das urnas, que incontestavelmente são urnas seguras, tenho a plena convicção disso, não prestam serviço à nossa democracia”. O ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Temer declarou que o maior desafio de Lula está no campo econômico: “Nós temos uma instabilidade mundial. A guerra na Ucrânia ainda persiste. Nós temos ainda os resultados da Covid-19, que abalou todas as economias, também o Brasil. Nós tivemos necessariamente que fazer grandes investimentos em programas sociais para suportar o resultado dessa terrível pandemia. E agora o Brasil precisa ter muita seriedade para saber enfrentar esses resultados”.

“Precisamos manter o Auxílio Brasil, porque inquestionavelmente ele dá suporte àqueles que estão em uma situação muito difícil, que passavam ou passam fome”, defendeu. Para Kassab, apesar de uma configuração mais conservadora no Congresso, Lula tem condições de articular maioria na Câmara dos Deputados: “O presidente Lula chega com 150 deputados da sua base e deputados bastante ligados. Com uma tendência muito grande de ter o MDB e o PSD alinhados, por conta de ter esses dois partidos na campanha. Uma expressiva maioria do partido trabalhando por ele. Isso significa que ele poderá constituir rapidamente uma base de 250 deputados. Me parece que está iniciando conversa com outros partidos, que lhe darão uma folga razoável para poder dar os primeiros passo. É evidente que ele vai precisar acertar, porque toda maioria não é definitiva. Ela está vinculada ao sucesso de um governo. Eu espero que esse governo acerte bastante, o Brasil precisa que ele acerte para que nós possamos sair da situação difícil que estamos, principalmente no campo do emprego”.

O político ressaltou que as negociações no Congresso Nacional tendem a favorecer o novo governo e que é muito cedo para determinar um apoio ou oposição às medidas da gestão petista: “Todo governo, no seu início, conta com a boa vontade de todos. Inclusive daqueles que foram vencidos. O governo nem se iniciou. O presidente Lula, pelo o que eu percebi e acompanhei pela imprensa, tirou uns dias de descanso. Vamos aguardar a sua manifestação com relação ao que vai fazer sobre esse tema e em relação a outros temas (…) Concordo que é um desgaste muito grande desde o início você não deixar claro quais são as perspectivas de implantação das suas promessas e compromissos de campanha. Eu ainda não vou me colocar entre aqueles que vão fazer críticas em relação a promessas, porque o governo ainda nem se iniciou. Vamos aguardar alguns dias e algumas semanas para que a gente possa apreciar o cronograma que será apresentado e as transformações que o PT quer fazer no país para me manifestar criticando ou aplaudindo”.

Kassab também projetou um rearranjo partidário em decorrência das últimas reformas eleitorais: “A legislação favorece muito esse rearranjo. Eu tenho dito sempre que a melhor reforma política daqui pra frente é não mexer, não fazer nenhuma alteração da legislação. Nós estamos no rumo certo. Qual esse rumo. O que proibiu a coligação nas eleições proporcionais, obrigando todos os partidos a se implantarem em todos os municípios para ter chapa nas eleições. O partido precisa ter chapa de deputado estadual e federal, precisa ter chapa de vereadores. E, com isso, aqueles que não tiverem sustentação nacional vão começar a fazer fusão, incorporação ou integrar uma federação. Eu acredito sim que os partidos que estão com dificuldades vão procurar os grandes, ou semelhantes, para fazerem fusão ou federação e tentar superar o presente entendimento”.

“Algo me diz, pela análise dos dados dos resultado que eu tenho feito, que nós temos grandes chances, felizmente, de chegar em 2030 com 7 ou 8 partidos no máximo. O que será extremamente saudável para a nossa democracia, 7 ou 8 partidos vão fazer com que cada partido tenha uma nitidez ideológica. Nós não temos no mundo mais do que 7 ou 8 ideologias para serem representadas por meio de partidos. Isso vai criar identidade do eleitor com os partidos, fazer com que os candidatos procurem partidos que tenham identidade com o seu programa, com a sua ideologia. E com isso o eleitor vai ter muito mais segurança de votar e vai acertar muito mais no seu voto”, analisou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.

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