Lula reage à condenação de Bolsonaro, ironiza voto de Luiz Fux e diz que não teme novas sanções dos EUA

‘Se o ministro não quiser provas, é problema dele’, disse o presidente sobre julgamento no STF; petista ainda disse que é ‘arrogância’ de Trump ‘não querer que Justiça brasileira julgue alguém que cometeu crime’

  • Por Jovem Pan
  • 12/09/2025 09h15 - Atualizado em 12/09/2025 14h49
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Ricardo Stuckert/PR Lula Lula cutuou Luiz Fux ao brincar sobre atuação do ministro Camilo Santana para a elaboração Carteira Nacional Docente, durante cerimônia no Palácio do Planalto

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão por participação em uma trama golpista em 2022. A decisão foi histórica, com repercussão internacional. Bolsonaro foi considerado culpado ao lado de outros sete réus, incluindo militares e ex-integrantes do governo. O único ministro a divergir foi Luiz Fux, que votou pela absolvição do ex-presidente. Durante evento em Brasília, Lula fez referência irônica ao voto do ministro ao elogiar o ministro da Educação, Camilo Santana, responsável pela articulação política que garantiu a criação da Carteira Nacional Docente.

“Eu quero valorizar a dedicação do Camilo nesse negócio. Ter a ideia de não querer brigar mais com a Esther [Dweck, ministra da Gestão e Inovação], sair do ministério, ir ao Senado, fazer a proposta, apresentar… Trabalhar e apresentar a proposta. Aí é o máximo do máximo mesmo. Nem o Fux seria capaz de ser igual a você”, brincou Lula. A plateia, formada em sua maioria por aliados do governo, caiu na gargalhada com a brincadeira jocosa.

Em entrevista à Band, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi mais duro sobre posição de Fux, afirmando que havia provas suficientes contra Bolsonaro. “Se o ministro Fux não quiser provas, é problema dele. Acho que as provas estão fartas. O ex-presidente articulou tudo covardemente e não teve coragem de assumir”, disse Lula. Apesar das críticas, Lula ponderou que não cabe ao presidente da República opinar sobre votos individuais de ministros da Suprema Corte. “Esse país não pode permitir que qualquer pessoa tente ferir o Estado democrático de direito”, afirmou.

Integrantes do governo também se manifestaram sobre a condenação. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a decisão como um marco para a democracia. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que a estabilidade política é fundamental para o crescimento econômico. Já Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência, destacou que “ninguém está acima da lei”. Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, lembrou que uma lei de sua autoria serviu de base para o julgamento.

No plano internacional, a decisão gerou tensões entre Brasil e Estados Unidos. A Casa Branca afirmou que não hesitará em agir para garantir a liberdade de expressão no país, declaração interpretada pelo Palácio do Planalto como uma ameaça. O Itamaraty reagiu dizendo que Washington não compreendeu todas as provas reunidas pela Polícia Federal. Lula, em resposta à decisão, afirmou que não teme novas sanções americanas após o resultado do julgamento.

“Se ele [Trump] vai tomar outras atitudes, é problema dele. Nós iremos reagir na medida em que as medidas forem tomadas. As sanções já impostas são todas falsas, e o presidente Trump sabe que é mentira o que foi falado sobre o Brasil. É mentira que tem déficit comercial, é arrogância dele não querer que a Justiça brasileira julgue alguém que cometeu um crime que segundo a própria Justiça compreende como crime.”

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Hoje, cerca de 50% das exportações brasileiras aos EUA estão sujeitas a tarifas adicionais impostas ainda no governo de Donald Trump, crítico do julgamento. Mesmo assim, 25% das vendas, equivalentes a US$ 10 bilhões em 2024, seguem livres de sobretaxas — incluindo celulose e ferro-níquel.

*Com informações de Valéria Luizetti e Igor Damasceno

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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