Mais de 13% das mulheres relatam casos de assédio no LinkedIn, mostra levantamento

Plataforma registrou aumento de 55% no volume de conversas entre usuários no intervalo de um ano; maior interação reflete nas abordagens de assediadores

  • Por Jovem Pan
  • 24/08/2021 09h36 - Atualizado em 24/08/2021 10h24
Pixabay Mulher aparece de costas usando um computador De maneira geral, 30% dos brasileiros já sofreram algum tipo de assédio virtual no trabalho, aponta pesquisa

Em um cenário de isolamento social, as interações profissionais foram direcionadas para o ambiente virtual. O LinkedIn, por exemplo, registrou aumento de 55% no volume de conversas entre usuários no intervalo de um ano. No entanto, essa elevação também reflete nos casos de assédio, que também cresceram. A analista financeira Juliana Fortunato, que tem atuado como consultora de recolocação profissional, decidiu há cerca de três anos compartilhar experiências profissionais pela plataforma. Com o conteúdo, ela conta conseguiu ajudar trabalhadores desempregados ou que desejavam mudar de emprego. No entanto, com o aumento de mensagens positivas, também cresceram as abordagens de assediadores. “As pessoas sabem como que funciona, então elas são sutis na abordagem. ‘Oi linda, te achei linda. Seu perfil, você é bonita’. No elogio, mas que sabemos que é com segundas intenções. Se a pessoa não consegue contato no inbox do aplicativo, vem direto a mensagem no meu celular. Até nudes já cheguei a receber”, afirma.

É tipificado como assédio virtual quando um usuário faz comentários sexuais, pejorativos, quando ocorre perseguição, discurso de ódio ou a divulgação de dados e informações pessoais. Juliana Fortunato relata que costuma bloquear os assediadores, mas admite que fica incomodada com as abordagens. “Cheguei a olhar a foto do meu perfil para ver se a foto estava induzindo alguma coisa. Será que eu pequei na foto?”, questiona. Quase 70% dos entrevistados em um levantamento do LinkedIn disseram que preferem a plataforma para objetivos profissionais. Por isso, os usuários afirmaram que se sentem menos suscetíveis ao assédio do que em outras redes sociais. Ainda assim, mais de 13% das mulheres ouvidas relataram casos do crime na plataforma. De maneira geral, 30% dos brasileiros já sofreram algum tipo de assédio virtual no trabalho, de acordo com um levantamento da AVG, fabricante de softwares de segurança.

O advogado especialista em Crimes Cibernéticos, José Antônio Milagre, ressalta que a legislação brasileira tem avançado na proteção dos usuários, mas é preciso mais celeridade da Justiça e denúncia das vítimas. “É muito importante com essas provas, registrar ocorrência, procurar ajuda especializada, uma delegacia especializada, caso exista. Caso não exista, qualquer delegacia de polícia para que se identifique a autoria. Infelizmente, grande parte desses crimes de assédio online, inclusive em redes profissionais, ocorrem com requinte de anonimato. Precisamos de respostas ágil do judiciário para quebrar sigilos para que descubra quem está por trás daquelas ofensas”, explica. Em nota, o LinkedIn afirmou que não tolera nenhum tipo de assédio na plataforma e continua investindo para manter a comunidade segura. A plataforma incentiva os usuários a reportarem os conteúdos inapropriados ou ofensivos para que tomem as medidas cabíveis, como remoção da publicação ou restrição do perfil do autor. As denúncias podem ser feitas clicando nos três pontos do canto superior direito de uma postagem, comentário ou mensagens.

*Com informações da repórter Nanny Cox

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.