Mais de 60% dos hospitais municipais do Estado de SP têm kit intubação para apenas uma semana

Informação foi dada por representante dos secretários municipais de Saúde em entrevista ao ‘Jornal da Manhã’; segundo ele, há 700 serviços com estoque zerado

  • Por Jovem Pan
  • 09/05/2021 11h09 - Atualizado em 09/05/2021 11h10
Saulo Angelo/Estadão Conteúdo O hospital de campanha do Riocentro Hospitais municipais têm escassez de kit intubação

O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, Geraldo Reple Sobrinho, falou ao “Jornal da Manhã”, da Jovem Pan, neste domingo, 9, sobre como o órgão monitora os medicamentos e estoques de kit intubação no Estado. Segundo ele, o estoque atual do kit formado por bloqueadores neuromusculares e sedativos é preocupante. “Nós temos 62% dos serviços do Estado de São Paulo com estoque para no máximo sete dias”, afirmou. Segundo ele, cerca de 700 serviços estão com o estoque zerado, o que faz com que médicos precisem usar medicamentos menos eficientes para intubar os pacientes. O secretário informou que alguns medicamentos estão chegando no Estado, mas explicou que alguns não são distribuídos em quantidade suficiente e não dão nem para metade de um dia de consumo. “O que está chegando é muito pouco, é insignificante para abastecer os serviços”, afirmou. Segundo ele, o número é referente aos hospitais municipais de todo o Estado.

Entre os fatores apontados pelo secretário como influenciadores da escassez de medicamentos estão o boom da doença, a pouca quantidade de empresas produtoras dos remédios no Brasil e a interrupção na entrega direta aos estados por parte dos fabricantes com a requisição dos remédios por parte do Ministério da Saúde para distribuição nacional. O secretário explica que não há um cadastro estadual que unifique a quantidade de remédios de intubação da mesma forma que há para vagas de leito e disse que o mais comum é que as cidades conversem entre si para trocar sedativos em caso de falta. Segundo Reple Sobrinho, o Ministério da Saúde foi informado da falta de sedativos e, assim como o governo estadual, faz tratativas internacionais para tentar adquirir mais medicamentos.

Apesar da escassez do kit intubação, o secretário lembrou que São Paulo conseguiu uma grande distribuição de oxigênio com doações vindas do setor público e privado para abastecimento. “Não estamos ainda tão tranquilos, mas perto do que chegamos a passar em março melhorou bastante”, disse. Mesmo com a queda nos números gerais de lotação da UTI, o secretário afirmou que há municípios, como Rio Preto, com problemas de faltas de leitos. “Se a gente for ver, 70% de ocupação é um número muito grande. É perigoso. As pessoas têm que entender isso”, afirmou. Para o secretário, a semana encerrada neste domingo, com o Dia das Mães, causa preocupação extrema e os dados podem ser refletidos dentro de 15 a 20 dias. Neste sábado, o Estado de São Paulo bateu a marca de 100 mil pessoas mortas pela Covid-19 desde o início da pandemia.

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