Membros da CPI da Covid-19 travam guerra judicial no recesso; entenda

Flávio Bolsonaro acusa Renan Calheiros de abuso de autoridade; por sua vez, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues, entrou com uma queixa-crime contra Jair Bolsonaro por difamação

  • Por Jovem Pan
  • 21/07/2021 08h28 - Atualizado em 21/07/2021 09h56
Leopoldo Silva/Agência Senado Senador Randolfe Rodrigues em Comissão no Senado Federal Randolfe acusa Bolsonaro de espalhar desinformações ao tentar ligá-lo à compra fraudulenta da Covaxin, denunciada pelos irmãos Miranda

A CPI da Covid-19 entrou em recesso na última semana e só deve voltar a ter depoimentos no dia 3 de agosto. No entanto, mesmo distantes do colegiado, os senadores continuam trabalhando e, ao mesmo tempo, travando “guerras judiciais”. Flávio Bolsonaro, por exemplo, acusa o relator da comissão, Renan Calheiros, de abuso de autoridade. O senador do Patriota entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) dizendo ser perseguido por uma “CPI paralela” montada pelo colega. Segundo o filho do presidente Jair Bolsonaro, Calheiros financia e legitima a atuação de pessoas formalmente dissociadas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para “realizar investigações privadas, desprovidas de qualquer garantia legal, por meios sórdidos e invasivos”. O senador se baseia em uma reportagem da revista Veja, que afirma que Renan teria se ofendido quando foi chamado de vagabundo por Flávio.

Já o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede) entrou com uma queixa-crime contra o presidente da República. Ele acusa o chefe do Executivo de difamação ao publicar na última segunda-feira, 19, um vídeo em que o senador pedia a aprovação do uso emergencial da Covaxin. Randolfe afirma que o presidente espalha desinformação ao tentar ligá-lo à suposta compra fraudulenta da vacina, denunciada pelos irmãos Miranda. Além da condenação, o senador pede a remoção da postagem e retratação nas redes sociais de Bolsonaro, além de multa de R$ 35 mil. Na visão de Randolfe Rodrigues, o presidente transforma a política em um espaço de agressão e ruptura. “A queixa-crime que movi junto ao Supremo Tribunal Federal não é simplesmente em função da minha honra. É para dizer ao senhor presidente da República que existe limites em um Estado Democrático de Direito quando ele insistir em difamar, agredir as pessoas e espalhar uma cultura de fake news e de ódio”, afirmou.

Nesta terça-feira, 20, membros da cúpula da CPI se reuniram virtualmente para traçar estratégias. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD) publicou um vídeo dizendo que o trabalho é técnico, e não político. E que está em busca de provas. “A palavra de ordem é se aprofundar nas investigações, fazer ligações entre empresas, pessoas e servidores para que a gente não cometa injustiça, não saia falando uma coisa e depois não consiga provar. Com certeza iremos chegar a conclusões que a população quer saber”, disse. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer críticas ao colegiado do Senado. Em entrevista à “Voz do Brasil”, ele afirma que a comissão não tem buscado a verdade. “Temos dificuldades em parte da grande mídia, temos dificuldades com uma CPI que está funcionando no parlamento que falta mais transparência para esses órgãos para buscar a verdade do que aconteceu nesse período. O desgaste existe, mas temos a consciência, a tranquilidade que venceremos essa fase também”, pontuou.

Bolsonaro também se defendeu sobre a acusação de que o governo federal teria se omitido de comprar vacinas no ano passado. “Quando se fala em vacinas, todos os contratos e negociações, ou quase todos, começaram no ano passado. Não tínhamos como comprar vacinas em 2020 porque não tinha disponível. A primeiro pessoa vacinada foi no início de dezembro e nós começamos a vacinar no mês seguinte”, disse. Foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido para que o deputado Luis Miranda (DEM) seja investigado por suposta denunciação caluniosa contra Bolsonaro. O requerimento foi feito pelo ministro da Justiça, Anderson Torres. Se o STF aceitar o pedido, Miranda e Bolsonaro serão investigados no mesmo inquérito.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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