Moro diz que deixou o governo para não ser cúmplice de ‘coisa errada’: ‘Virei alvo’
Ex-juiz afirma que viu no convite para chefiar o Ministério da Justiça uma oportunidade de construir um ‘país melhor’ e nega fidelidade ao presidente: ‘Não cumpriu o que prometeu’
O ex-juiz Sergio Moro disse que aceitou o convite para ser ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro por ver uma oportunidade de construir um “futuro melhor”. Pré-candidato à presidência da República em 2022, ele contou, em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta quarta-feira, 15, que viu no cargo oferecido uma chance de melhorar o combate ao crime organizado, à corrupção e fazer uma “série de coisas”. “Ele me convida e coloca assim: ‘Você vem para o governo, vai ter carta branca, vai poder consolidar os avanços contra a corrupção. Eu era juiz, sempre sonhei com um país melhor”, disse o ex-ministro, que ressaltou a característica irrecusável da proposta. “Entendi que tinha esse dever de aceitar essa missão”, completou.
Embora não tenha deixado claro se sente arrependimento por ter aceitado o convite, Sergio Moro reconheceu que, na prática, as promessas feitas por Bolsonaro não foram cumpridas, o que levou à renúncia do cargo, em 24 de abril de 2020. “O presidente não me apoiou. Na verdade, ele sabotou o que se refere ao combate à corrupção. Até que chegou o momento em que tinha uma opção: ou fico no governo e sou cúmplice de coisa errada ou saio e viro alvo dele e dos apoiadores. Virei alvo, não vou ficar protegendo ninguém. Fui fiel desde o primeiro momento ao compromisso que assumi, não ao presidente. Não tenho dever de ser leal a uma pessoa que não cumpriu o que prometeu. Devo [fidelidade] à população brasileira”, completou.
Para 2022, o ex-juiz promete uma campanha não violenta e que fale a verdade. “Está muito claro quem é quem nessa história, temos que conversar com as pessoas. Não existe isso de petista, bolsonarista, existem pessoas abertas ao diálogo. O nosso projeto vai ser vigoroso, é um projeto para melhorar a vida das pessoas, controlar a inflação, diminuir o juros, fazer todas as reformas que estão pendentes. Precisamos acabar com a reeleição para presidente, reconstruir o combate à corrupção e ter um programa nacional amplo de saúde e educação. As pessoas são mais que petistas e bolsonaristas”, finalizou.
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