Mourão diz que decisão do STF sobre vacina obrigatória ‘é inofensiva’

Na avaliação do vice-presidente, é só depois de garantir a possibilidade de imunização à toda a população que o Estado poderá pensar em impor restrições

  • Por Jovem Pan
  • 19/12/2020 08h12
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MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Mourão disse que está ansioso para tomar a vacina contra a Covid-19

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, avalia que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar que o Estado imponha sanções a quem decidir não tomar a vacina contra a Covid-19 só terá efeito após toda a população brasileira ter acesso ao imunizante. O entendimento é que ninguém poderá ser responsabilizado antes de poder escolher se quer ou não tomar o medicamento. Como a expectativa do Ministério da Saúde é vacinar cerca de 150 milhões de pessoas no ano que vem, quase 70 milhões de brasileiros ainda devem estar aguardando em 2022. Na avaliação do vice-presidente, é só depois de garantir a possibilidade de imunização à toda a população que o Estado poderá pensar em impor restrições a quem optar por não se vacinar.

“Depois que a gente conseguir disponibilizar vacina para a a toda população, poderão em algum momento ocorrer medidas, como no caso da vacina da febre amarela, que você só viaja para determinadas regiões tendo sido vacinado, isso poderá ocorrer no futuro. É uma coisa normal isso tudo, está sendo feita muita agitação, e já é normal na nossa vida”, afirmou. O entendimento de Mourão é o mesmo do presidente Jair Bolsonaro, que já disse considerar a decisão do STF inócua, justamente pela impossibilidade de garantir a vacinação de toda a população ainda em 2021. Ambos, inclusive, tem se reaproximado após meses sem encontros que não fossem apenas protocolares.

Mourão lembra que Bolsonaro é um político experiente, e que o discurso pregando união que fez durante a cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19, nesta última semana, mostra a capacidade dele de mudar de tom quando é importante. “O presidente, ele tem uma sensibilidade muito grande, às vezes vocês podem achar que não, mas ele tem. Em determinado momento, entende que é a hora dele fazer um determinado tipo de discurso para a nação toda, e não discursos particulares que faz em determinados momentos”. O presidente e o vice ainda divergem, no entanto, sobre como vão agir após a liberação das vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Enquanto Mourão já disse estar angustiado e ansioso para se imunizar, Bolsonaro afirma que não vai tomar o imunizante. Apesar dos diversos registros de casos de reinfecção, ele argumenta que, por ter sido infectado, já possui os anticorpos necessários para enfrentar o coronavírus.

* Com informações do repórter Antônio Maldonado

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