Na Itália, Mario Draghi aceita pedido do presidente e vai tentar formar bloco de coalizão

Missão entregue a ele inclui conseguir apoio suficiente entre os parlamentares italianos para evitar uma eleição em meio a pandemia

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 04/02/2021 07h53
EFE EFE Draghi é um burocrata de alta reputação entre os gabinetes europeus, mas não possui experiência na política eleitoral

Falar em crise política na Itália é quase uma redundância. Estabilidade é a exceção no tabuleiro do poder em Roma. O país tenta, no entanto, evitar mais uma eleição antecipada com a formação de um novo governo para enfrentar a pandemia. Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, aceitou o pedido do presidente italiano para estabelecer um gabinete de coalizão. Draghi é um burocrata de alta reputação entre os gabinetes europeus, mas não possui experiência na política eleitoral.

A missão entregue a ele inclui conseguir apoio suficiente entre os parlamentares italianos para evitar uma eleição em meio a pandemia. O presidente Sergio Mattarella acredita que uma consulta popular agora poderia causar incertezas significativas. E o momento não é para isso. Draghi conversa com as principais lideranças do país, mas o sucesso da missão depende do apoio de ao menos um dos partidos que tiveram forte ascensão na política italiana recentemente. De um lado está o Movimento Cinco Estrelas, que defendeu bandeiras anti-europeias.  Do outro a Liga, que é anti-imigração e levanta debates nacionalistas que são no mínimo controversos.

Matteo Salvini, líder da Liga, não descartou a possibilidade de apoiar o novo governo de coalizão. O Cinco Estrelas parece mais dividido no momento, sem uma resposta clara do caminho que pretende seguir. Na quarta-feira, 4, Mario Draghi discursou falando em união para superar os desafios econômicos e da pandemia. Ele disse: “Vencer a pandemia, terminar a campanha de vacinação, dar respostas aos problemas do cotidiano dos cidadãos e relançar o país são os desafios que nos esperam. Temos ao nosso dispor os recursos extraordinários da União Europeia, podemos fazer muito pelo nosso país, olhando com atenção para o futuro das gerações mais novas e para o reforço da coesão social.”

Os recursos extraordinários a que ele se refere representam a fatia de 200 bilhões de euros (R$ 1,3 trilhão) que a Itália vai receber do fundo europeu de socorro pós-pandemia. Conhecido como Super Mario, por sua atuação no Banco Central Europeu durante a crise financeira do bloco na década passada, Draghi é tido como uma figura neutra politicamente. Um técnico que pode tirar a Itália da sua pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. Mas antes as habilidades políticas dele serão testadas, a partir de hoje, na tentativa de formar um novo bloco de coalizão no parlamento.

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