‘Nada contra, mas ninguém pode participar da CPI pela metade’, diz senador sobre Calheiros
Integrante da comissão da Covid-19, Jorginho Mello espera resposta do Supremo Tribunal Federal sobre o tema
Integrante da CPI da Covid-19, o senador Jorginho Mello (PL-SC) avalia que, por lei, o colega Renan Calheiros não pode assumir a relatoria do colegiado, considerado o grau de parentesco existente entre o parlamentar e o governador de Alagoas, Renan Filho, que pode vir a ser investigado pela comissão. Para ele, a existência da relação familiar pode prejudicar a imparcialidade. “Como ele pode ser relator se daqui a pouco a gente tem que ouvir seu filho? Ele já declarou que ficaria impedido se tivesse algum assunto de Alagoas ou coisa parecida, mas ninguém pode participar da comisso pela metade. Uma coisa posso fazer, outra coisa não posso. Até porque se ele pedir licença para não atuar, quem assume é o suplente dele, que também tem filho governador”, disse, durante entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, esta quinta-feira, 29. Além de Mello, os senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE) também assinaram o mandado de segurança entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), que busca impedir Renan Calheiros na relatoria do colegiado.
Jorginho Mello ressaltou que, apesar de ser um dos responsáveis pela solicitação ao STF, “não tem nada contra ninguém”, buscando apenas seguir uma questão de ordem. “Fui ao Supremo para refazer a mesma solicitação, vamos ver o que o ministro vai dizer, não se manifestou ainda, dizem que ele não pode participar, que ele tem ligação sanguínea. A lei é claríssima, quem tiver até o terceiro grau não pode participar, nós somos investidos na função de juiz, então não tem muito alarde. Vamos esperar o que o Supremo vai falar”, pontou. Nesta quarta-feira, o ministro Ricardo Lewandowski foi sorteador como relator do mandado de segurança. Ainda sobre a CPI da Covid-19, o Jorginho Mello ponderou que a comissão pode se estender por mais de 90 dias, período inicialmente estipulado para o funcionamento do colegiado. De acordo com ele, ninguém sabe como e quando acabam as investigações, sendo que a maioria “termina em pizza”.
“O trabalho efetivo de uma CPI é para não terminar em pizza, é para levantar o que aconteceu. CPI cuida do passado, CPI não vai arrumar vacina, não vai colocar vacina do braço de ninguém agora. Cuidados do passado, o que foi feito, o que deixou de fazer, ela é para 90 dias e pode ser prorrogada, isso é normal”, afirmou, criticando o momento para a criação do colegiado, que busca investigar a atuação do governo federal durante a crise sanitária, bem como os recursos repassados a Estados e municípios. “Quem fez bobagem já fez, quem comprou o que não devia comprar já comprou, quem mandou dinheiro sem receber a mercadoria já mandou, as notas não vão sumir, as compras já foram realizadas, então poderia esperar um pouquinho.”
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