Operação Spoofing: Líder dos hackers diz que ‘invadiu’ celulares de autoridades por curiosidade

Em depoimento prestado nesta sexta, Delgatti Neto detalhou roubo das mensagens e disse que procurou pelo menos dois procuradores antes de entregar mensagens a jornalista

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2021 07h12
Pixabay / LoboStudioHambur O WhatsApp é o principal aplicativo de mensagens do mundo com mais de 2 bilhões de usuários Delgatti hackeou mensagens do Telegram

Réu no caso do ataque hacker a celulares de autoridades, Walter Delgatti Neto prestou novo depoimento nesta sexta-feira, 19, dando detalhes do roubo de mensagens que atingiu políticos, magistrados e procuradores da Lava Jato. Ele foi ouvido por videoconferência pelo juiz Ricardo Leite, da 10 Vara Federal de Brasília. Conhecido como “Vermelho”, Delgatti Neto é apontado como líder do “Grupo de Araraquara”, organização que praticou crimes cibernéticos e bancários desde 2017.De acordo com a denúncia, ele seria o responsável “direto e imediato” por 176 invasões de dispositivos informáticos de terceiros e por 126 interceptações telefônicas, telemáticas ou de informática. No interrogatório, Walter Delgatti Neto confessou ter acessado contas do Telegram de autoridades, mas negou ter cometido crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

“A questão em que eu acessei as contas do Telegram é verdadeira e no que tange aos demais que foram investigados e denunciados, a organização criminosa, lavagem de dinheiro, ela é inverdadeira”, afirmou. Walter Delgatti Neto ainda declarou que era apoiador da Operação Lava Jato na época e acessou as mensagens por curiosidade sobre as investigações. “Comecei a ler, a entender aquilo, e vi o que realmente estava acontecendo, os crimes que eles cometeram. Foi aí que eu entreguei ao Robalinho, depois do Robalinho eu entrei em contato com a Raquel Dodge, procuradora-geral da República. Falei com ela, ela leu as mensagens e não respondeu, ou seja, a minha meta, eu queria o quê? Queria Justiça e entregar isso à Justiça. Depois disso, eu vi que era sem sucesso, acabei entrando em contato com a Manuela D’Ávila, ela me passou o jornalista, eu entreguei a ele e foi publicado”, explicou.

Em fevereiro, o Ministério Público Federal pediu à Justiça Federal do DF a prisão de Walter Delgatti Neto. De acordo com o órgão, ele violou medidas cautelares impostas quando deixou a prisão, em outubro de 2020. Outras cinco pessoas foram presas no âmbito da Operação Spoofing, deflagrada em julho de 2019, acusadas de invadir os celulares de autoridades. Foi com base nessas mensagens, consideradas impossíveis de comprovação, segundo a Polícia Federal, que o STF anulou as condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato e abriu caminho para o petista disputar as eleições do ano que vem.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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