Pessoas que tiveram Covid-19 também devem ser vacinadas, avalia gerente-geral da Anvisa

Segundo Gustavo Mendes, embora não seja possível calcular um claro ‘valor de eficácia’, pacientes que testaram positivo para a doença também devem participar da vacinação

  • Por Jovem Pan
  • 18/01/2021 10h10 - Atualizado em 18/01/2021 10h13
Amit Dave/Reuters Imagem de um enfermeiro de costas colocando a dose da Covaxin em uma seringa Após aprovação da Anvisa, o Estado de São Paulo iniciou a imunização de profissionais da saúde

A recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária é que, mesmo pessoas que já testaram positivo para a Covid-19, todos os brasileiros sejam vacinados. A avaliação é do gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes. Segundo ele, a indicação é que os imunizantes sejam aplicados em pessoas com mais de 18 anos. “A nossa recomendação foi para que fossem incluídas pessoas que já tiverem sido expostas ao vírus. Não temos como calcular um valor de eficácia claro para esses casos, mas a vacina vai poder ser dada para essa população. Se a gente perceber que a eficácia é baixa, vamos ter que retirar a indicação e deixar para vacinar pessoas que têm eficácia boa.”

De acordo com Gustavo Mendes, a decisão de possivelmente priorizar o uso de uma vacina contra a Covid-19 para perfis específicos da população não cabe à agência reguladora, mas aos “olhares amplos” dos gestores públicos  para avaliar fatores como o custo para aquisição das doses e questões de logística. “A Anvisa não faz esse juízo de valor. A gente coloca a porcentagem de eficácia, quem são as populações que têm mais benefícios, o perfil mais seguro. A bula é o documento final e a nossa expectativa é que, olhando esses dados de bula, os gestores públicos façam a decisão. A gente não vai dizer. Se for aprovada é porque está apta para ser usada e a decisão envolve várias questões”, disse ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan.

Neste domingo, 17, a agência reguladora aprovou de forma unânime o uso emergencial da CoronaVac e da vacina de Oxford contra a Covid-19. Após a aprovação, o Estado de São Paulo iniciou a imunização de profissionais da saúde, sendo Mônica Calazans, enfermeira de 54 anos, a primeira vacinada no país. Agora, a expectativa é que o Plano Nacional de Imunização do Brasil comece nesta segunda-feira. Até o momento, apenas os dois imunizantes possuem autorização para compor as estratégias de vacinação no país. No entanto, a agência aguarda possíveis pedidos de outros dois laboratórios. “Segundo nossos procedimentos, as vacinas aptas para autorização de uso emergencial seriam da Pfizer e da Janssen, porque segundo a nossa regra, autorização de uso emergencial é para vacinas que estão em estudo no Brasil e temos todos os dados, temos uma visão mais ampla. As vacinas que vierem de fora têm que ser o registro. Mas em qualquer um dos casos a empresa tem que pedir, ela tem que ver se cumpre todos os requisitos que colocamos nos guias. [O pedido de autorização] tem mais a ver com negociações de aquisições do que com as regras da Anvisa. Na minha visão, as questões técnicas são as mesas, vamos querer ver qualidade, segurança e eficácia, se a vacina comprovar isso a gente segue para aprovação. Mas quando a empresa vai pedir é uma decisão da empresa”, comentou.

Ao ser questionado sobre tratamentos precoce para a Covid-19, o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa lembrou que, até o momento, não há medicamentos que tenham na bula uma indicação específica para Covid-19. No entanto, segundo ele, isso não significa que tratamentos com compostos não possam acontecer após acordo entre paciente e médico. “A Anvisa vai atuar somente quando tiverem estudos clínicos que comprovem que uma indicação para Covid-19 pode ser incluída em bula.”

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.