PSL jamais saiu da base do governo, diz deputado do partido
Julian Lemos explica que uma possível reaproximação partiu de Bolsonaro e afirma que “quem voltou pelos caminhos que jogou pedras foi o próprio presidente”
O deputado federal Julian Lemos (PSL-PB) defende que o Partido Social Liberal, antiga legenda do presidente Jair Bolsonaro, “jamais saiu da base de apoio do governo”. O deputado minimiza qualquer possibilidade de ruptura por parte dos membros do partido com o presidente e afirma que o desejo de reaproximação partiu de Bolsonaro. “A primeira coisa que precisa ficar claro é que se houve uma ruptura [entre partido e o Planalto], ela não partiu do PSL, do presidente Luciano Bivar ou dos deputados. Conheço muito bem o presidente, então quando percebi esse problema eu tentei colocar panos quentes e evitar, estive com o Bolsonaro em três ocasiões para mostrar que essa situação iria acontecer. Mas fui vencido, porque em torno dos presidente existe muitas pessoas com interesses pessoais que o levam a grandes equívocos, como os advogados e parte dos filhos deles”, diz o deputado, ressaltando as inúmeras tentativas de evitar a saída do presidente.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, Julian Lemos explica que a reaproximação aconteceu por iniciativa do presidente, que teria ligado para o deputado Luciano Bivar, presidente do partido. De acordo com fontes próximas ao parlamentar, a conversa entre os dois foi amistosa e pode indicar uma reconciliação com a legenda. “Quem voltou pelos caminhos que jogou pedras foi o próprio presidente”, diz Lemos, ressaltando que o PSL sempre esteve aberto para o diálogo. No entanto, a possível reaproximação divide o partido. Anteriormente, o líder do partido no Senado, Major Olímpio, comparou a iniciativa de Bolsonaro com o movimento à aproximação do Planalto com partidos do centrão, uma tentativa do governo garantir apoio no Congresso. Na ocasião, o senador ameaçou sair do partido caso alguma aliança com o presidente se concretize.
Durante a entrevista, o deputado falou ainda sobre a influência dos filhos de Bolsonaro nas decisões presidenciais, o que poderia ter impulsionado a ruptura do presidente com o partido. Julian Lemos ressalta que “os problemas são normalmente gerados de lá para cá”, sinalizando que, por influência dos filhos, Bolsonaro acaba gerando “problemas que depois tem que resolver” e perdendo antigos apoiadores. “Eu fui um dos maiores apoiadores do presidente, nunca deixei de ser correto com ele. Porém, após a eleição, os filhos tiveram uma dominação muito grande com o presidente, fazendo com que pessoas corretas se afastam por imposição deles [filhos] ou porque não aguentavam o tratamento. Os filhos, atualmente, talvez não tenham tanta influência como no início, mas ele conseguiram indicar ministro, derrubar ministro, afastar pessoas que teriam espaço no governo de forma extremamente leal ao presidente tudo por questões pessoais. Talvez não peguem no braço do presidente, mas através de uma pressão, que eu sei que funciona, essa influência ainda acontece demais. Não tem como eu não afirmar isso.”
Sobre a formação do Aliança pelo Brasil, Julian Lemos entende que o início da construção do partido “foi errado e criado em cima de injustiças e ataques levianos” a pessoas como o deputado Luciano Bivar. Para ele, esse começo turbulento fez com que o “partido já começasse com um defeito na sua coluna principal”, o que faz com que legenda perdesse força. “A intenção não foi criar um partido, mas trata a respeito de um bom negócio. Porque no PSL ele teria total liberdade, além de toda a estrutura que o partido tem a oferecer”, finaliza.
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