Rússia já posicionou 70% do material necessário para invadir a Ucrânia, diz especialista
Cientista político Gunther Rudzit cita o deslocamento de tanques de guerra para a fronteira e avalia a estratégia de Vladimir Putin para pressionar as negociações com a Otan
Os Estados Unidos afirmam que a Rússia pode invadir a Ucrânia “a qualquer momento”. Embora os russos neguem a possibilidade, a avaliação é que Vladimir Putin já posicionou cerca de 70% dos soldados e armamentos necessários para a invasão do país europeu. A avaliação é do doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo, Gunther Rudzit. “A Rússia tem 70% de todo material e homens que necessitaria para invadir a Ucrânia em larga escala pronta na fronteira, isso já foi afirmado por analistas independentes. Os tanques não estão na base. Se não estão na base significa que estão no campo e, portanto, é a pressão que o presidente Putin vem fazendo”, analisou em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News. A pressão feita pelo mandatário acontece pela visita do presidente francês Emmanuel Macron a Moscou nesta segunda-feira, 7. O objetivo do encontro é restabelecer as relações estratégicas entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Rússia.
“Levando em consideração as demandas russas, mas descartando que a Ucrânia não vai poder entrar nunca na Otan. Então existe a possibilidade [de invasão do país]? Existe, mas não considero ela como o principal cenário”, analisa Gunther Rudzit, que cita que o poder bélico dos norte-americanos e dos russos acaba “freando” um confronto direto. “Podem destruir a terra 16 vezes. Isso é uma capacidade gigantesca, o que freia um confronto direto entre Otan e Rússia. Por isso é que essas negociações estão levando muito em conta essa pressão do Vladimir Putin e o pré-posicionamento das forças”, esclarece o cientista político, que vê uma mudança nas relações internacionais a partir das negociações.
Reflexos no Brasil
Com uma possível invasão da Rússia na Ucrânia, muito se questiona qual seria o papel e o posicionamento brasileiro frente ao confronto. Na visão de Gunther Rudzit, caso esse cenário venha a se confirmar, o Brasil deve manter suas tradições diplomáticas. “Nós teremos que nos proporcionar frente a uma invasão e apoio a países democráticos. Portanto, não vamos poder ficar em cima do muro”, menciona o cientista político. Ele cita que a invasão pode refletir na alta do petróleo e, consequentemente, no bolso dos brasileiros, com novos aumentos da gasolina. “Caso haja a invasão, o preço do petróleo está a 91 dólares e já falam em um barril a 120 dólares. Então há de subir muito ainda a gasolina no Brasil. Por isso, esperamos que a diplomacia venha a prevalecer”, finalizou.
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