Senador nega que será vice de Moro e quer impedir que eleições sejam sobre ‘discutir personalidades’
Cidadania recebeu propostas de federação vindas do PSDB e do Podemos; Alessandro Vieira descartou, no momento, a possibilidade de desistir de sua candidatura
O senador Alessandro Vieira, pré-candidato do Cidadania à Presidência da República, comentou nesta quinta-feira, 20, sobre a possibilidade de legenda se federar com outros partidos de centro-direita. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o parlamentar afirmou que o Cidadania já recebeu propostas do PSDB e do Podemos. “Isso começou a ser discutido no Diretório Nacional da Executiva. Estão avaliando os palanques regionais em que você pode ter composições. A gente está tentando definir uma pauta básica de projetos que tenham sintonia para que faça sentido o funcionamento por quatro anos das duas agremiações partidárias em conjunto. É um processo que está muito no começo ainda”, afirmou Alessandro sobre as negociações. “Não é possível definir. Existem Estados onde você tem uma impossibilidade muito clara. Um exemplo é a Paraíba, onde o governador é do Cidadania e seus maiores opositores estão no PSDB”, apontou o senador, que acredita que a decisão deve ficar mais clara dentro de 10 a 15 dias.
Ao ser questionado sobre uma preferência do senador para uma aliança do Cidadania com o Podemos, Alessandro Vieira descartou, no momento, a possibilidade de desistir da sua candidatura para ser vice do ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. “A etapa que nós temos que enfrentar agora é de apresentação de nomes e projetos. Dos pré-candidatos já colocados na corrida, você não tem nenhum que tenha apresentado com consistência um projeto para Educação, que tenha estabelecido com transparência para o brasileiro como vai governar, se vai ser a base de mensalões, orçamento secreto ou de composição pública e transparente, como deve ser”, iniciou o senador. “Isso tudo tem que ser discutido antes. Eu não posso permitir e não pretendo permitir que o Brasil caia novamente em uma armadilha de discutir personalidades, sobre quem gosta do Lula contra quem gosta do Moro ou do Bolsonaro. O Brasil merece mais que isso”, disse.
Alessandro, no entanto, defendeu o ex-ministro e criticou a decisão do Tribunal de Contas da União de solicitar à consultoria norte-americana Alvarez & Marsal os documentos relativos ao encerramento do contrato, incluindo valores envolvidos no processo de rompimento, entre a empresa e o ex-juiz. “A legislação que foi aprovada em 2019 coloca como crime você dar causa ou instalar procedimento quando você sabe que ele é tecnicamente inviável. É o caso desse procedimento do TCU. Ele está fora da atribuição, não tem nenhum tipo de lastro técnico e contraria pareceres e relatórios do próprio Tribunal de Contas e, é claro, claramente tem um condão de ataque eleitoral. Mesmo não tendo alguma parceria firmada com o Podemos, eu tenho que garantir regras justas para todos. Não posso ter esse garantismo de um lado só. Os mesmos personagens que exigem garantias para condenados por corrupção defendem que se atropele as garantias com relação àqueles que investigavam corrupção”, justificou.
Apesar de por ora negar uma chapa com Moro, o senador concorda que a terceira via terá que se unir caso queira vencer o ex-presidente Lula e o atual presidente Jair Bolsonaro, mas, de novo, ressaltou que esse ainda não é o momento para alianças e, sim, para apresentação de nomes e propostas. “Nós temos dois personagens históricos da política brasileira, é natural que eles polarizem as atenções, mas o momento é de apresentações das pessoas”, defendeu. Alessandro Vieira ainda minimizou a baixa intenção de voto que tem recebido nas pesquisas pré-eleição. “O nível de conhecimento baixo, nível de interesse do brasileiro também é muito baixo. Para uma análise mais séria, nós temos que levar em conta rejeições, potencial de crescimento.”
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