Sombrio e poderoso, Solemaini ajudou a consolidar influência do Irã
“Um mártir vivo da revolução”, assim o aiatolá Khamenei, líder supremo do Irã, descrevia o general Qasem Soleimani, morto em um bombardeio americano nesta quinta-feira (2), no Iraque.
Soleimani estava na vanguarda da geração revolucionária do Irã, juntando-se à Guarda Revolucionária do país aos 20 e poucos anos, após o levante de 1979 que consagrou a teocracia xiita do país. A carreira militar deu um salto durante a Guerra entre Irã e Iraque nos anos 80.
Poderoso e misterioso, se tornou uma figura fundamental para o governo iraniano, com responsabilidade de exercer influência sobre os países do Oriente Médio. Desde 1998, Soleimani comandava a Forças Quds, uma unidade especial da temida Guarda Revolucionária, destinada a operações internacionais.
Os Estados Unidos consideram a unidade uma organização terrorista desde abril do ano passado.
De acordo com o professor de Relações Internacionais da FMU, Manuel Furriela, Soleimani era, inclusive, mais influente que o presidente do país. “O general iraniano é considerado a segunda pessoa mais importante do país para muitos. Mais importante até mesmo que o presidente da República, já que ele é ligado ao aiatolá , as lideranças religiosas do Irã que zelam por todo o regime iraniano desde 1979”, explicou.
Enquanto Soleimani era visto como um assassino impiedoso pelos americanos, era um dos homens mais carismáticos para a população do Irã. O general era o responsável por arquitetar a atuação iraniana no combate ao Estado Islâmico e nas operações na Síria a partir de 2011, dando sustentação ao regime de Bashar Al Assad.
O Pentágono acusa as forças lideradas por Soleimani de ter fornecido aos milicianos do Iraque bombas especiais, capazes de penetrar a armadura dos soldados americanos. Para os Estados Unidos, o general não passava de um líder sanguinário responsável pelas mortes de centenas de cidadãos do país.
Aos 62 anos, o general já havia sobrevivido a uma série de tentativas de assassinato ao longo das décadas em que atuou para ampliar e estabelecer o Irã como polo de influência no Oriente Médio. A morte do chefe militar cria, agora, um novo capítulo na longa história de tensão na região.
*Com informações do repórter Renan Porto
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