Substância química armazenada de maneira irregular é causa mais provável de desastre em Beirute
O primeiro-ministro do Líbano Hassan Diab prometeu punir os responsáveis pela catástrofe
Autoridades libanesas investigam se uma substância usada na produção de explosivos e fertilizantes pode ter sido a causa da enorme explosão que arrasou parte da capital Beirute nesta terça-feira, 04. Segundo o presidente libanês, Michel Aoun, toneladas de nitrato de amônio vinham sendo armazenadas num depósito na região portuária havia pelo menos seis anos sem o devido cuidado. Incidentes semelhantes com a mesma substância já foram registrados em outras partes do mundo. Outras hipóteses, como a de um atentado, porém, ainda não estão descartadas.
O local começou a pegar fogo no final da tarde no horário local; final da manhã, no Brasil. Segundo o professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), Reinaldo Bazito, o nitrato de amônio só explode se for submetido a uma alta temperatura. “O nitrato de amônio tem outra característica, além de ser um importante fertilizante. Em determina situação ele pode explodir, sendo um explosivo bastante violento, mas que depende de uma sistema de detonação para explodir. É necessário que haja uma alta temperatura ou de outro tipo de sistema que inicie a decomposição do nitrato de amônio e causa a explosão”, explica. No caso em Beirute, uma forte explosão provocou uma onda de choque, devastando tudo pela frente. Quando a poeira baixou, o que se viu foi um cenário de guerra. Prédios inteiros vieram abaixo e carros foram revirados.
O desespero tomou conta da população em função do passado recente de ataques à cidade. Um vídeo mostra quando um padre que celebrava uma missa tenta fugir em meio aos escombros. A fragata Independência da Marinha brasileira tinha deixado o porto de Beirute horas antes. Segundo o Contra-Almirante Sergio Salgueirinho a embarcação não sofreu danos. A esposa de um oficial da Aeronáutica Brasileira, que exerce a função de Adido Militar no Líbano, estava perto de uma janela na hora da explosão e teve ferimentos leves.
O professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, afirma que a tragédia acontece em um momento político-social conturbado no país. “Dentro desse quadro como coloquei de extrema insatisfação da população, você tr um acidente como esse. A gente fica sem sair como será a reação da população”, afirma. O primeiro-ministro do Líbano Hassan Diab prometeu punir os responsáveis pela catástrofe em Beirute. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a dizer que o incidente era muito semelhante a um ataque e prometeu ajudar na reconstrução da cidade. O presidente Jair Bolsonaro prestou solidariedade às vítimas. Em uma rede social, Bolsonaro disse que “o Brasil abriga a maior comunidade de libaneses do mundo e, deste modo, sente a tragédia como se fosse em nosso território”. O Itamaraty comunicou que não há brasileiros entre os mortos e feridos pela explosão.
*Com informações do repórter Leonardo Martins
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