Surgimento de doenças degenerativas vira desafio mesmo após cura da Covid-19
Os primeiros sintomas da Guillan Barré são formigamento, dormência e fraqueza muscular nas pernas e braços
Reaprender a comer, a falar e a se mexer. Nos últimos meses, essa foi a rotina de Antônio, de 74 anos, morador de Parelheiros, no extremo sul de São Paulo. Aposentado, ele levava uma vida saudável — mas o que parecia ser uma gripe comum e uma certa fraqueza nas pernas foi o início do pesadelo. Ele não conseguia ficar de pé e um teste mostrou que ele estava com Covid-19 em maio.
Logo depois, ele foi diagnosticado com a síndrome de Guillain-Barré — uma rara doença degenerativa que tem se tornado mais frequente em pacientes que tiveram o novo coronavírus. Seu Antônio ficou 60 dias internado, perdeu 15 quilos e revela ter escutado das enfermeiras que não iria sobreviver. O aposentado relembra emocionado quando ouviu, pela primeira vez, a voz da mulher depois de 22 dias internado no Hospital das Clínicas.
Os primeiros sintomas da Guillain-Barré são formigamento, dormência e fraqueza muscular nas pernas e braços. A correlação entre a doença e a Covid-19 ainda não está clara, mas cientistas estudam se a resposta do organismo ao vírus possa estar causando o surgimento da síndrome. O neurologista Ricardo Araujo de Oliveira diz que trata-se de uma condição inflamatória que afeta nervos e raízes nervosas.
Um estudo da University College London do Reino Unido indicou que o SARS-CoV-2 causa complicações neurológicas mesmo em pacientes com sintomas leves ou em recuperação, sendo que, muitas vezes, elas não são sequer detectadas.
*Com informações do repórter Victor Moraes
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