Suspeito de interferir na extradição de Allan dos Santos, secretário de Justiça lidera evento anticorrupção
José Vicente Santini está no governo Bolsonaro desde 2019, já tendo atuado na Casa Civil, no Ministério do Meio Ambiente e na Secretaria Geral da Presidência antes do seu cargo atual
Suspeito de interferir no processo de extradição do jornalista Alan dos Santos, o secretário nacional de justiça José Vicente Santini abriu a Reunião Plenária da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, promovida pelo Ministério da Justiça. “As pautas abordadas neste ano abrangeram, de forma bastante densa, a questão da tecnologia da informação e comunicação, além da temática ambiental vinculada à corrupção e à lavagem de ativos e aprimoramento do sistema de prevenção à corrupção e mapeamento de risco do financiamento ao terrorismo”, disse ele na abertura na última segunda-feira, 13. Durante quatro dias, serão apresentadas 11 ações executadas no ano de 2021 e discutidas novas propostas para combater os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Em documentos enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF) a Polícia Federal (PF) sustenta risco de interferência no Ministério da Justiça no processo de extradição de Alan dos Santos. Após depoimentos, a delegada Denise Ribeiro identificou a ação do secretário nacional de justiça José Vicente Santini. O jornalista Allan dos Santos, que está nos Estados Unidos, teve a prisão decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes em outubro. Um pedido de extradição foi encaminhado ao governo dos EUA. A PF alega que Santini pediu acesso à caixa de documentos restritos e determinou a alteração do fluxo de referidos processos de extradição ativa, para incluí-lo como instância de decisão. A ex-diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, responsável pelo andamento dos pedidos de extradição e transferência de brasileiros no exterior, foi exonerada do cargo no início de novembro deste ano, após a divulgação do encaminhamento do pedido de extradição de Allan dos Santos. Ela deu andamento ao pedido sem comunicar Santini e informou à PF que essa prática é praxe na sua antiga função.
José Vicente Santini está no governo Bolsonaro desde 2019. Já atuou na Casa Civil, mas foi demitido após usar o avião da FAB. Ele voltou como assessor do Ministério do Meio Ambiente, depois secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência e, agora, secretária nacional de justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, desde agosto. Ouvido pela PF, Santini afirmou que solicitou o fluxo de extradições para que a diretoria respondesse formalmente qual era a base legal da distinção de tratamento de fluxo entre os processos de extradição ativa e passiva.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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