‘Não vou parar de trabalhar por medinho’, diz Allan dos Santos sobre futuro após pedido de prisão
O jornalista falou sobre o fim do portal Terça Livre em entrevista ao programa Pânico: ‘Tive que mandar 70 pessoas embora sem um centavo’
O jornalista Allan dos Santos falou sobre o fechamento do site Terça Livre em entrevista ao programa Pânico nesta segunda-feira, 22. Segundo ele, o fim do site foi omitido pela mídia e o bloqueio de suas contas pelo STF o impediu de manter as contas da empresa e o pagamento dos funcionários em dia. “Tudo isso que está acontecendo comigo é mais uma cortina de fumaça para algo que a imprensa brasileira omite. Quando um órgão da imprensa brasileira foi fechado por decisão de ofício? Nem a autoridade judicial nem o processo acusatório, que é o Ministério Público, pediu o bloqueio das contas da minha empresa. Tive que mandar 70 pessoas embora sem um centavo. Fechar um jornal, as pessoas podem odiar, podem ter qualquer sentimento, mas o fato é maior que seu sentimento. O Alexandre de Moraes decidiu de ofício fechar o Terça Livre. Ao bloquear as contas bancárias, como eu vou pagar para ter luz para transmitir? Como vou pagar para ter a câmera funcionando?”, questionou.
O fundador do Terça Livre ainda comentou sobre profissionais da comunicação que o chamam de “blogueiro” de modo pejorativo. “Se você citar um único jornalista capaz de debater comigo, você vai entender o motivo de me odiarem tanto. Têm medo e horror, preferem xingar. Alguns jornalistas fora da bolha começaram a acordar, existem artigos que saíram na ‘Veja’, tem um delegado que escreveu refutando todas as falácias da autoridade. O Glenn Greenwald foi o primeiro a falar sobre isso, sobre falar em blogueiro em vez de jornalista, no sentido pejorativo. Essa postura ou é proveniente de uma burrice silenciosa, ou de uma pessoa inapta para obter qualquer função na sociedade. Eu não quero o fechamento de qualquer outro jornal da esquerda.”
Allan também falou sobre a censura e a defesa da liberdade. Segundo ele, a população precisa ser bem informada para decidir os rumos do país. “Eu sou jornalista, não sou presidente de partido político, não tenho associação. Não pergunte pra mim o que deve ser feito para o Brasil funcionar, não tenho nenhum meio de ação. O que o povo brasileiro precisa ter é acesso à informação para decidir bem. Se por um lado eu não sei o que deve ser feito para solucionar o problema do Brasil, as pessoas precisam ser informadas desse problema sem cerceamento e sem censura”, disse. O jornalista ainda afirmou que seguirá sua carreira na profissão mesmo com o pedido de prisão decretado pelo ministro Alexandre de Moraes. “Não vou parar. Como vou parar por medinho depois de falar para o meu filho ‘virar homem’, ‘você tem que enfrentar a vida’? Vou falar com que autoridade? Se eu ficar com medinho de um psicopata, como eu vou falar para o meu filho que, na vida, você tem que enfrentar desafios, ser uma pessoa corajosa? Não vou fazer isso nunca.”
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