Tarcísio afirma que não vai retirar câmeras de uniformes de PMs em SP no início da sua gestão

Governador respondeu a críticas do MP e do Ministério dos Direitos Humanos, mas alertou que a medida será reavaliada ao longo de seu governo como qualquer outra, para verificar sua permanência ou descontinuidade

  • Por Jovem Pan
  • 06/01/2023 06h50 - Atualizado em 06/01/2023 11h44
TOMZÉ FONSECA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Tarcísio de Freitas Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

O novo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teve sua primeira reunião com o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), na última quinta-feira, 5. Um dos temas tratados no encontro realizado no Palácio dos Bandeirantes foi a possibilidade de rever o programa Olho Vivo, que introduziu o uso de câmeras nos uniformes da Polícia Militar do Estado. Anteriormente, o secretário de Segurança Pública da nova gestão, Guilherme Derrite, disse em entrevista a uma rádio do interior do Estado que pretende rever o programa. A expressão provocou uma série de reações. O Ministério Público destacou que a expressão de “rever o programa” poderia ser encarada como uma “autorização para que os policiais tenham licença para matar”; o Ministério da Cidadania e Direitos Humanos do governo federal emitiu uma nota demonstrando preocupação de que o programa seja encerrado. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas contratado ainda na gestão de Rodrigo Garcia (PSDB) revelou que o uso de câmeras portáteis nos uniformes de PMs de São Paulo evitou 104 mortes, uma redução de 57% em relação ao período anterior em que a medida entrou em vigor. Questionado sobre a declaração do secretário, Tarcísio afirmou que toda política pública deve ser reavaliada, mas assegurou que ações com bons resultados vão continuar. “Não existe desalinhamento nenhum. É a questão temporal. Neste primeiro momento nada muda. O programa de câmeras tem gerado suas avaliações positivas, tem trazido uma percepção de segurança para segmentos importantes da sociedade, aqueles segmentos mais vulneráveis, que precisam ter essa percepção de segurança. Então, não vamos alterar nada. Ao longo do tempo, nós vamos observar e reavaliar a política como qualquer outra política”, declarou o governador.

A reunião no Palácio dos Bandeirantes durou cerca de duas horas. Além do governador e do prefeito da capital paulista, participaram secretários estaduais e municipais de diversas pastas. Estado e prefeitura também afirmaram que vão se unir para tentar acabar com a Cracolândia, na região central da cidade de São Paulo. Segundo Tarcísio, o plano inicial na região prevê ações nas áreas da saúde e assistência social: “Nós vamos integrar uma série de políticas públicas, a política de assistência social no que diz respeito a capacitação, reinserção no mercado de trabalho; a política de saúde com a recuperação, o tratamento dos dependentes químicos, o aumento da nossa capacidade de recepção nesse sistema, a gente vai oferecer mais vagas para recuperação de tratamento de dependente químico; as ações na segurança pública, e aí entra essa questão de tecnologia, de monitoramento, para impedir o livre fluxo da droga, o livre fluxo dos traficantes; a questão da habitação, para que a gente aumente e oferte moradia e possa ter abrigo para essas pessoas que vão ser retiradas da rua; e os projetos de revitalização no centro”, disse. Uma nova reunião para tratar sobre as ações da Cracolândia está prevista para o dia 23 deste mês, com a presença também do Ministério Público, do poder Judiciário e integrantes da sociedade civil.

*Com informações do repórter David de Tarso

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