‘Transformar ministro do STF em celebridade é perigoso para a democracia’, diz presidente da OAB

Felipe Santa Cruz afirma ser contra a exposição dos magistrados à opinião pública e disse que, nos EUA, apenas os julgados são divulgados; ele ainda argumenta sobre a importância de proteger a liberdade de imprensa

  • Por Jovem Pan
  • 27/10/2021 09h14 - Atualizado em 27/10/2021 09h56
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Reprodução/Facebook Felipe Santa Cruz Felipe Santa Cruz é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

Na manhã desta quarta-feira, 27, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, concedeu uma entrevista ao vivo ao Jornal da Manhã e afirmou que a liberdade de expressão e de imprensa está sob constante ameaça no Brasil e em outras democracias do mundo. Segundo ele, defender a atuação de jornalistas deve ser uma tarefa cotidiana, pelo bom funcionamento das instituições democráticas. Cruz ainda falou sobre a atuação dos poderes e afirmou que celebrização de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), expondo eles à opinião pública de forma cada vez mais constante, é um problema.

“Eu acho que críticas sempre são cabíveis. O Supremo Tribunal Federal não está acima de críticas ou imune a elas. Eu acho que nós temos que separar críticas de ameaças. Isso é muito grave. Críticas de tentativa de intimidação. Eu sou um crítico ao excesso de exposição que ocorreu muitas vezes, nos últimos anos, com os ministros do Supremo. Em outros países, notadamente nos Estados Unidos, os ministros da Suprema Corte são muito menos expostos à opinião pública. O que vai à opinião pública são os seus julgados. A transformação do ministro do Supremo numa celebridade, digamos assim, é perigosa para a nossa democracia. Agora, o Supremo é um é colegiado, são 11 ministros, e entendo, sim, que cumpre o seu papel institucional de defesa da nossa Constituição, em tempos difíceis, nós temos que reconhecer”, afirmou o presidente da OAB.

Ele ainda destacou os ataques à imprensa livre, principalmente a mulheres jornalistas, que vem crescendo no Brasil e no mundo, como forma de ataque à liberdade de expressão. “Não é um privilégio do Brasil, ou um problema apenas do Brasil, é uma discussão do mundo, das democracias do mundo. Também os limites da própria manifestação do jornalismo técnico, um jornalismo aprofundado, diante dos conflitos das redes sociais, ou seja, essa violência, esse cerco ao jornalismo, esse cerco a um debate mais aprofundado, que tem nas fake News um dos seus sintomas mais perversos, é uma realidade no mundo todo. E, no Brasil, nós temos, sim, demonstrado pela Abraji, que é uma associação de jornalismo investigativo, um aumento da violência e da agressão aos jornalistas, em especial jornalistas mulheres. E a Ordem dos Advogados na minha gestão, desde o início, tendo essa noção que todos temos da importância do jornalismo livre, do jornalismo sério, tem se dedicado a defender o jornalismo, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, o que é uma tarefa cotidiana numa democracia”, pontuou.

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