Uip alerta que reunião familiar pode causar contaminação por Covid: ‘Muitas vezes evolui para morte’

Infectologista falou sobre temor das aglomerações no Dia das Mães e sobre casos de famílias inteiras que se contaminam com Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 08/05/2021 13h57
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO médico david uip David Uip deu entrevista do programa 'Jornal da Manhã'

Entrevistado pelo “Jornal da Manhã”, da Jovem Pan, neste sábado, 8, o infectologista e membro do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, David Uip, falou sobre a pandemia da Covid-19 no Estado e as possibilidades de uma terceira onda da doença após o controle das internações em UTIs. Segundo ele, o prazo médio para detectar o aumento ou não de casos no Estado após o afrouxamento de medidas restritivas válidas a partir deste sábado, 8, é de 14 dias e apesar do sistema de saúde de São Paulo estar menos pressionado, com alguns hospitais chegando a desativar leitos, é necessário manter o distanciamento social e pessoal, mesmo no Dia das Mães. “As pessoas muitas vezes se reúnem em pequenos grupos. Me preocupa o Dia Das Mães porque as pessoas se sentem confortáveis porque é um número de pessoas da mesma família. Não mantendo esse distanciamento pessoal, obviamente, na hora das refeições não usam máscaras, aí é que estão muitas das contaminações”, afirmou. O médico narrou que não é raro encontrar casos de uma família inteira de pessoas infectadas que, mais tarde, chegam a ficar internadas pela doença. “Muitas vezes evolui para a morte”, recordou. Ele aconselha que as reuniões tenham o mínimo de pessoas possível se realizadas.

Questionado sobre as medidas de relaxamento impostas após ordem da Justiça no Rio de Janeiro e o controle de divisas estaduais com São Paulo, o médico lembrou da dificuldade de se administrar a contaminação independente da qualidade do monitoramento das medidas de segurança sanitárias. “Se também não houver conscientização da população, decretos não resolvem”, afirmou, reconhecendo que continuar isolado é um “enorme sacrifício”, mas garantindo que ele deve ser feito até a vacinação ser massificada no país. O médico lembrou que, por termos “recebido” a pandemia depois de continentes como a Europa, podemos aprender com o que ocorre no exterior. Como o país ainda está administrando as primeiras doses das vacinas, ele lembra que esse não é o momento de questionar se precisamos da terceira, e sim de pensar em reservar a segunda dose para todos os que já receberam a primeira.

“O que estamos vendo acontecer no interior do país, é que faltam doses. Isso foi falta de estratégia, foi um equívoco do ministério, que perdurou por cinco dias, naquele momento o ministério preferiu usar todas as doses da CoronaVac e da AstraZeneca prevendo que chegariam os insumos a tempo da segunda dose. Infelizmente, isso não aconteceu e nós temos essa falha”, afirmou. O médico lembrou que uma imunidade incompleta não é algo positivo. “Costumo dizer que a pandemia é um aprendizado por dia. Não identifico erros no governo de São Paulo, identifico aprendizados. Nós fomos aprendendo na epidemia de um vírus totalmente diferente. Quem viu o Sars-1 em 2000 e depois o MERS-1 em 2012 teve uma impressão. Um vírus semelhante, do mesmo grupo, causavam um desconforto, muitas mortes em uma região e desapareceram. O Sars-2 agora, não”, explicou. O infectologista afirmou que o vírus se porta de uma forma “inesperada”, que o pós-covid também apresenta uma série de novidades e que muitas vezes indivíduos com o mesmo perfil biológico têm reações completamente diferentes à doença.

Confira o “Jornal da Manhã” deste sábado, 8, na íntegra:

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