Vice-presidente da Câmara diz que não há mais clima para votações: ‘Ano legislativo acabou’

Marcelo Ramos afirma que postura de Bolsonaro inviabiliza aprovação de PEC dos precatórios e a reforma administrativa e que ‘problema real do Brasil’ não é briga com Moraes, mas sim o desemprego e a fome

  • Por Jovem Pan
  • 09/09/2021 08h35 - Atualizado em 09/09/2021 10h11
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Cleia Viana/Câmara dos Deputados Vice-presidente da Câmara, dep. Marcelo Ramos, em discussão na Casa

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos, considera que o ano legislativo na Casa “acabou” após as recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro durante atos de 7 de setembro. Nos discursos, entre outras coisas, o chefe do Executivo atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que não vai mais cumprir determinações do magistrado. As afirmações geraram reações no Congresso Nacional e partidos endossam pedidos de impeachment do mandatário. “Presidente explodiu as pontes de diálogo, as pontes da reconciliação com os poderes e com o campo democrático do país. Já empurrou PSDB para oposição, isso tende a ter efeito cascata, vai empurrar o PSD, o MDB, Cidadania, Solidariedade, o que somado com a oposição dá quase 300 votos. Já cheguei a dizer que o ano legislativo acabou”, afirmou. Na visão de Marcelo Ramos, é impossível aprovar propostas de interesse do governo, como a PEC dos precatórios e a reforma administrativa, por exemplo, nesse contexto político.

O parlamentar disse ainda que o Bolsonaro tem um “espírito conflituoso”,  que busca atritos, o que dificulta a conciliação e a resolução dos desafios do que chama de Brasil profundo. “Me parece que essa escolha [conflito] é decorrente da falta de condições de dar resposta para os problemas reais da vida do povo. Problema real não é a briga com Alexandre de Moraes, não é abrir ou fechar o STF. O problema é ter 14,8 milhões de desempregados, 19 milhões de brasileiros com fome, 570 mil famílias enlutadas, a carne a R$ 45 no interior do Amazonas, a gasolina a R$ 7,50, o gás de cozinha a R$130, R$ 140, e o juros de dois dígitos e já recorde no longo prazo”, acrescentou o vice-presidente, pontuando que cabe a Bolsonaro o protagonismo para enfrentar essas questões do país, o que não acontece. 

Sobre as manifestações de 7 de setembro e as paralisações de caminhoneiros pelo país, Marcelo Ramos disse respeitar os atos, mas discordar das pautas levantadas. “O Brasil não são 140 mil pessoas na Paulista, são 250 milhões. Tem 14,8 milhões de desempregados, essa gente não tá na Paulista, está atrás de emprego. Tem 19 milhões de brasileiros que estão com fome, essa gente não tá em Brasília”, disse, criticando os bloqueios de estrada que, segundo ele, são uma “maldade com o Brasil” e promovem o desabastecimento. “Ser patriota é mais enrolar uma bandeira, vestir camiseta da seleção e cantar hino. Além de respeitar símbolos, é respeitar a nossa gente. Essas manifestações [caminhoneiros] fazem mal ao povo brasileiro e não pode ser patriota quem faz mal ao povo brasileiro.

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