Zema critica falta de preocupação do governo Lula com gastos públicos: ‘Fico assustado’
Governador reeleito de Minas Gerais afirmou que ‘social’ e ‘fiscal’ devem ser priorizados igualmente no Governo Federal e não descartou concorrer à presidência da República em 2026
Reeleito governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) apoiou Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial, mas agora terá mais quatro anos de governo tendo que lidar com a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no comando do Governo Federal. O governador mineiro analisou o cenário político para 2023 em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, e se mostrou preocupado com o alinhamento da equipe de Lula: “Fico assustado quando você pega um novo governo que já tem de cara 37 ministérios. O que eu fiz aqui em Minas foi exatamente o contrário, eram 21 secretarias e nós reduzimos para 12”.
“Parece que [Lula] tem caminhado no sentido contrário. É preocupante essa visão de não haver preocupação com o gasto público e não melhorar a eficiência da máquina do Estado”, criticou. Zema também questionou as ações do presidente Bolsonaro após as eleições: “Faz parte do jogo político, e de qualquer esporte, em alguns momentos você não vencer. Não existe Copa do Mundo vencida sempre por uma seleção, um campeonato pelo mesmo time e por aí vai. Acho que quem não conseguiu o primeiro lugar precisa ter essa postura de reconhecer a vitória da outra parte, mesmo que não concorde. É algo que enobrece as pessoas. Eu agiria de maneira diferente”.
A respeito da relação com o novo Governo Federal, Zema deixou claro suas divergências, mas não está fechado para articulações: “Eu sigo um crítico de muitas coisas em que o atual governo eleito acredita. Eu não acredito em uma série de medidas que eles estão caminhando nessa direção. O social precisa ser priorizado, mas junto com o fiscal. Você precisa direcionar mais recursos para quem precisa, mas precisa também fazer a reforma do Estado, para que ele custe menos e consiga estar atendendo essas pessoas. Estarei elogiando e já falei que, se esse governo enviar uma proposta de reforma tributária boa, serei o primeiro a dar apoio e aplaudir o encaminhamento nessa direção”.
“Eu estou otimista. Primeiro já tive um contato com o vice-presidente Geraldo Alckmin, há 20 dias atrás, por ocasião do leilão do Metrô de Belo Horizonte. Fui muito bem atendido, foi meu primeiro contato com a nova gestão. O leilão foi adiante na B3, em São Paulo, e correu tudo bem. Se nós falássemos que esse alinhamento é a solução, Minas Gerais não teria tido no passado seu pior momento porque nós tivemos um estado arruinado na gestão de 2015 a 2018, quando justamente nós tínhamos aqui governador do PT e presidente do PT. Se alinhamento resolvesse, Minas não teria afundado como afundou”, analisou.
Sobre sua gestão em Minas Gerais, o governador ressaltou que vai precisar de ajuda do Governo Federal para acelerar a duplicação da BR-381, que liga o Estado ao Espírito Santo, e finalizar o acordo e termo de reparação de Mariana. Zema também exaltou a exoneração de servidores comissionados no Estado que tem promovido e destacou a questão da revogação do teto para o ICMS de combustíveis, energia e comunicação, imposto em 2022: “Estamos aguardando, com uma certa tensão, a decisão do Governo Federal sobre a essencialidade ou não da gasolina”.
“Essa decisão vai trazer um impacto muito grande, porque a gasolina em Minas Gerais teve o ICMS reduzido substancialmente. Se for declarada como não-essencial, isso significa que vamos poder retornar para a alíquota anterior. Estamos tendo perdas, não só Minas, como todos os Estados. Estamos tendo que fazer ajustes e eu espero que o Governo Federal compense toda essa perda. Sou favorável à redução de impostos, tem que ficar claro. Mas, um Estado que tem uma situação fiscal grave, como Minas Gerais, não tem condição de absorver todos esses R$ 9 bilhões de queda na arrecadação, que é a previsão nossa por ano”, explicou.
Dado o atual cenário político, o governador reeleito de Minas Gerais também não descartou a possibilidade de concorrer à presidência em 2026: “Vejo que está muito longe. Você está perguntando para um adolescente se ele quer casar daqui a quatro anos. Ele vai ter que decidir isso lá na frente, dependendo do encaminhamento da vida dele. O meu foco no momento é fazer um bom trabalho em Minas Gerais e lá na frente a gente vai estar avaliando essa questão”.
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