Zoológico na Grande São Paulo vira exemplo no tratamento de animais vítimas de tráfico

Local atende principalmente as sete grandes cidades do ABC paulista e reabilita os bichos para retornar à natureza

  • Por Jovem Pan
  • 16/01/2021 08h34
Jornal da Manhã/Jovem Pan O macaco-prego Jorge agora vive com outros de sua espécie

Durante sete anos, Jorge viveu preso por uma coleira, enquanto dividia um quintal com um cachorro; a convivência com o cão foi tanta que o macaco-prego nunca aprendeu a comer bananas, mas sim, só ração. Há alguns meses, no entanto, o cenário é diferente: agora, ele mora no Zoológico Municipal de São Bernardo do Campo, na região Metropolitana de São Paulo, onde já consegue viver como outros de sua espécie. O lugar também é casa de Valente, uma gata do mato que foi resgatada há menos de dois meses — quando chegou, ela pesava apenas 350 gramas; agora, já tem mais de um quilo. Esses são só alguns dos animais resgatados pelo zoológico, que conta com araras, patos, saguis, onças furões e até lontras. “A gente recebe animais que são vítimas da ação humana e nisso está enquadrado atropelamentos, que se acidentaram em vidro, filhotes que caíram do ninho… A gente também recebe animais vítimas do tráfico e basicamente temos a missão de salvar e tentar devolver esses animais para a natureza”, explica a bióloga do zoológico, Jennifer Novaes.

Ela conta que o lugar atende principalmente as sete grandes cidades do ABC paulista e tem como missão devolver os bichinhos à Mata Atlântica. “O animal que volta para a natureza precisa estar 100%, porque ele precisa caçar, se esconder, não pode chegar perto de outros seres humanos. Então de repente eu solto aqui um periquito, e ele voa ali no bairro e é tão mansinho que entra na gaiola de alguém, isso é tudo que eu não quero, eu quero devolver esse animal para a natureza para ele ter seus instintos naturais e ser animal de natureza mesmo, para você ter certeza que não vai soltar um bicho que vai morrer no dia seguinte”, afirma. Cumprir essa missão, no entanto, nem sempre é possível. Segundo a bióloga, os animais são avaliados diariamente para que o zoológico possa ter certeza absoluta de que devolvê-los ao habitat natural é seguro. Só em 2020, o Zoológico Municipal de São Bernardo do Campo resgatou 577 animais, a segunda maior marca em dez anos. Apesar disso, apenas 40% deles conseguem ser inseridos na mata. Os outros 60% acabam morando aqui, onde recebem todos os cuidados necessários.

* Com informações da repórter Bia Manfredini

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