Procuradora: “em vez de pedir serenidade, cabe ao Supremo demonstrar firmeza”
A procuradora Thaméa Danelon, integrante da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, diz que o julgamento do Supremo Tribunal Federal nesta quarta (4) que pode rever a permissão da prisão após condenação em segunda instância será “um dia histórico, decisivo no STF”.
“Amanhã será um dia decisivo até no que se refere à continuidade da Operação Lava Jato”, afirmou a procuradora em entrevista exclusiva à Jovem Pan.
“Quando os grandes criminosos de colarinho branco percebem que vão ser punidos e a justiça é efetiva, eles param de cometer crimes e colaboram com a Justiça. Agora, sabedores de que vão continuar impunes, eles não vão mais querer colaborar e vão continuar praticando crimes”, argumentou.
A procuradora da Lava Jato paulista também comentou a frase da presidente do STF, Cármen Lúcia, que pediu “tranquilidade” e “serenidade” aos brasileiros que acompanham as próximas decisões da Justiça.
Embora diga que é complicado para uma “mera procuradora” comentar frase da presidente do Supremo, Thaméa Danelon disse: “é muito complicado pedir serenidade à sociedade quando a sociedade não está serena, não está tranquila”. A procuradora vê “os efeitos deletérios da corrupção, que são a falta de segurança pública, falta de educação”.
“Como a população vai estar serena diante dessa intranquilidade?”, questiona. “Então, em vez de pedir serenidade, cabe ao Supremo demonstrar firmeza, rigidez, na punição de poderosos. Os poderosos e ricos não podem continuar impunes”, clamou Danelon, pedindo ao STF “comprometimento no combate à corrupção e à impunidade”.
A procuradora argumentou também que “caso esse precedente fixado em 2016 seja alterado, o impacto será significativo na soltura de muitas pessoas, como homicidas, latrocidas, estupradores, pedófilos e traficantes”.
Danelou também pediu “coerência” nos julgamentos da Corte e avaliou que, caso Lula vença os recursos, “vai ter uma repercussão nos demais casos” de presos após segunda instância, uma vez que os advogados usariam o caso do petista como precedente para “outros habeas corpus, outros recursos”.
“Vai ser o momento de a nossa suprema corte demonstrar se está comprometida com o combate à corrupção e à impunidade”, disse.
Thaméa Danelon também elogiou a série O Mecanismo, que retrata a Lava Jato, como forma de “demonstrar” aos brasileiros a situação do País.
Ouça a entrevista completa a Thiago Uberreich no Jornal Jovem Pan:
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