Weintraub nega ter dito que Bolsonaro sabia de operação contra filho com antecedência

Ex-ministro da educação ainda comenta sobre possível futuro como candidato e diz entender aliança de Bolsonaro com o Centrão

  • Por Jovem Pan
  • 18/01/2022 22h22 - Atualizado em 18/01/2022 22h35
Diego Rocha/MEC Ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub Abraham Weintraub foi ministro da educação por um ano e três meses; depois, assumiu cargo no Banco Mundial

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub negou que tenha dito que o presidente Jair Bolsonaro (PL) soube com antecedência de uma operação policial contra seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL) e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, durante entrevista ao Jornal Jovem Pan, da Jovem Pan News. “Estava tendo já nos jornais um zum-zum-zum. Já tinha saído algumas coisas no jornal, um disse-que-disse, e aí o presidente reuniu, chamou todo mundo numa sala e falou que era um problema dele [de Flávio], ele que se explique e que não deveríamos nos preocupar com nada. O presidente não influenciou nada, não interferiu, e o Santos Cruz [ex-ministro da Secretaria de Governo] confirmou. Não recebi pedido inadequado nenhum dos filhos do presidente, ou do presidente. E se tivesse recebido eu falava”, disse Weintraub. O ex-ministro havia mencionado o episódio, ocorrido durante a transição do governo Temer para o de Bolsonaro, em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., e alguns veículos da imprensa repercutiram com a versão de que o presidente teria sido informado antes sobre a operação.

Weintraub ainda contou ter recebido propostas de partidos para se candidatar aos cargos de governador do Estado de São Paulo, senador, também por São Paulo, e deputado federal, nas eleições de 2022. Contudo, ainda destacou que não está em campanha. “Não sou filiado, nunca fui, não sou candidato, não sou pré candidato, sou um homem livre. Mas se achar que posso contribuir com movimento conservador, para ter uma representação à altura, se a trilha vier, não vou negar”, disse, antes de ressaltar que seu nome causa um certo ‘constrangimento’, assim como o do ex-ministro da Relações Exteriores Ernesto Araújo. O ex-ministro da educação poderia ter que competir ao governo estadual paulista com outro candidato da base de Bolsonaro, o ministro da infraestrutura Tarcísio Freitas. Em sua live semanal na última quinta-feira, 15, Bolsonaro afirmou que Tarcísio “topou” ser candidato ao governo de São Paulo. O ministro tem sido cortejado pelo PL, mas assessores dizem, no entanto, que ainda não bateu o martelo sobre o seu futuro político. Weintraub, por sua vez, está no radar do PTB, que tem seu diretório paulista presidido pelo empresário Otávio Fakhoury.

Weintraub ainda voltou a criticar a aliança de Bolsonaro com o Centrão, grupo de partidos sem posição ideológica clara que apoia um governo em troca de indicações para cargos ou verbas para suas bases eleitorais. O ex-ministro afirmou entender o movimento de Bolsonaro, necessário para afastar o risco de sofrer impeachment, mas diz que não confiaria nos parlamentares do grupo. “Torço para o presidente estar certo, quero que ele ganhe e consiga tirar o Brasil de uma situação muito difícil, mas acho o Centrão complicadíssimo. Eu teria uma linha mais confrontiva”, comentou. Para Weintraub, no caso de uma derrota eleitoral de Bolsonaro, enquanto os conservadores poderiam ser perseguidos, o que o leva a temer por sua própria família, os membros do Centrão não teriam vergonha alguma em assumir cargos e ministérios em um governo de esquerda.

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