Ana Paula Henkel diz que redes sociais adotam política de um peso e duas medidas

Presidente Jair Bolsonaro reclamou que seguidores foram impedidos de publicar fotos em seu perfil no Facebook; tema foi discutido no programa ‘Os Pingos nos Is’ desta terça-feira, 16

  • Por Jovem Pan
  • 16/02/2021 19h57
Reprodução/YouTube/Jovem Pan Ana Paula faz seu comentário sobre redes sociais durante o "Pingos nos Is" desta terça-feira, 16

Em um vídeo publicado em suas redes sociais nesta terça-feira, 16, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou o Facebook por impor restrições à sua conta. Ele reclamou que seus seguidores foram impedidos de anexar imagens de notas fiscais, que, segundo ele, comprovariam a bitributação dos combustíveis. “Liguei para a AGU para ver o que a gente pode fazer, né? O governo federal também, junto com o parlamento, criar uma legislação para taxar mais ainda esse pessoal que paga muito pouco de imposto”, disse o capitão, referindo-se às big techs (grandes empresas de tecnologia). O tema foi discutido no programa “Os Pingos nos Is” desta terça-feira, 16. Para a comentarista Ana Paula Henkel, o debate é saudável e pode coibir que empresas como Google, Twitter e Facebook adotem medidas diferentes para o mesmo peso.

“Alguns pontos interessantes sobre essa discussão pertinente. Vale a pena o presidente Bolsonaro levantar a discussão sobre tributação, não apenas ao bloqueio do perfil dele. Recentemente, o Donald Trump foi banido do Twitter, do Instagram, do YouTube, até do Spotify e do Pinterest, rede social em que você coloca receita de torta de maçã. Esse debate é pertinente, sim, já acontece aqui [nos EUA] há muito tempo. Mesmo antes de o presidente Trump entrar na Casa Branca, democratas e republicanos discutiam essa autoridade absurda, esses oligopólios das big techs em relação ao que pode ser dito ou não”, disse Ana Paula, que vive nos Estados Unidos desde 2009.

Segundo ela, uma empresa tem o direito de criar as diretrizes que quiser, desde que não faça distinção entre seus clientes. “Uma coisa é você expor as suas políticas de maneira clara e honesta, e as pessoas usarem seu produto de acordo com o que você estabeleceu. O problema é que no caso dessas big techs, e também das plataformas sociais, essas políticas estabelecidas no contrato não são aplicadas para todos os usuários. Uma coisa é você se dizer um liberal e defender o caminho que uma empresa privada quer seguir. Outra é entender que no Estado democrático de Direito é necessário um respeito absurdo às leis e aos contratos. O que agente vê nessa discussão é um peso e duas medidas. A mesma política empregada para um lado do espectro político não é aplicada para o outro lado. Esse é o problema”, acrescentou.

Para José Maria Trindade, “o Congresso tem de enfrentar esse debate”. Ele acredita que é preciso regulamentar as empresas de tecnologia. “Foi assim com o rádio. Não é censura. Ninguém pode estar acima da lei”, destacou o jornalista. Já Guilherme Fiuza acredita que as mídias sociais estão dando um tiro no pé. “Hoje, a gente percebe que todo sistema de comunicação existe e coexiste nessas plataformas. São ambientes inevitáveis, pródigos para a circulação de informação. São veículos importantes para a liberdade de expressão. Mas, de fato, elas são um projeto privado. Vamos supor que eu crio um concorrente ao Facebook, com as minhas regras. Entra quem quer. O problema é que, devido a ações agressivas de dominação de mercado, elas viraram monopolistas. Isso precisa ser discutido. O Facebook resolveu, em suas diretrizes, suprimir conteúdo político. É uma insanidade, um completo erro, inclusive de mercado. Autoridades usam as redes para prestar informações ao público. Então. você cassa informações ao público.”

Assista ao programa desta terça-feira, 16, na íntegra:

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